quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

É o filho de Robinson Cavalcanti um monstro?



Todos os dias e, invariavelmente, a Rede Bandeirantes leva em suas ondas de transmissão, para todo o Brasil, o programa Brasil Urgente. Todos os dias e, invariavelmente, seu âncora, José Luís Datena, tem a função de fazer aumentar a audiência dessa emissora com o sensacionalismo colhido do fruto da desgraça alheia.

Acontece que Datena é oportunista em explorar o senso comum, na verdade, em explorar uma irracionalidade comum: o criminoso é o outro! E o outro, em questão, sempre vem a ser: os grupos taxados como criminosos; as pessoas de baixa renda, os FILHOS ADOTIVOS, o homossexual, enfim, todos que carregam, na esfera do sub, suas identidades de cidadãos de segunda categoria.

Aqui, em particular, há um corte paradoxal, afinal, muito da audiência dada ao Brasil Urgente vem da população de baixa renda, fato esse que se explica pelo apelo religioso que o apresentador usa: “somos pessoas do bem, e pessoas do bem têm Jesus no coração! Quem mata e comete crimes não tem Deus, não acredita em Deus, pois quem acredita em Deus não mata não comete crimes”.  Isso, inclusive, rendeu um processo contra a Bandeirantes, por grupos de ateus, que tiveram o direito de resposta garantido.

Esses dizeres trazem o que a sociedade pensa como um todo, mas, que Datena transforma em um mantra, que é acompanhado pelo telespectador como algo honroso, que o diferencia dos demais, que o coloca dentre aqueles de honra e caráter ilibados. Assim, há uma hipnose,  em que esse cidadão de baixa renda é levado a acreditar que ele está jogando do lado do bem, no apoio de seu justiceiro: o Datena, contra o marginal, delinquente, que tem leis frouxas de um legislativo frouxo.  Ou seja, o próprio cidadão de baixa renda compra um discurso de elite, que na teia social, o classifica como um potencial criminoso sem lei.

Na verdade, crime bárbaro é aquele que acontece nas classes mais abastadas; o caso Nardoni, emocionou o país, veio da classe média alta, enquanto, na mesma época, crianças morriam pelas mãos de seus próprios pais, em lugares mais afastados do Brasil, e ninguém se emocionou, ou sequer deu conta do feito.

O que acontece, e isso é muito próprio, é que programas como o Brasil Urgente, não têm a missão de informar, ou prestar serviço público algum. Tais programas apenas exploram a desgraça alheia e transformam seus produtores e âncoras em milionários, enquanto o povo padece.  Enquanto mais desgraça melhor! Assim sendo, nunca se ouvirá, nesses programas, que a marginalidade, em contrassenso, não é um desvio praticado por uma minoria restrita, não são as pessoas do mal que delinquem, mas  tal comportamento é largo em toda a sociedade, atinge a maioria de seus membros.

A sociedade elegeu um grupo criminoso, e ele, CIDADÃO DO BEM, acha que não está enquadrado no grupo criminalizável de seu país, sequer abre a legislação penal para verificar sua conduta, pois, independente dela ser crime ou não, ele não faz parte do labbing approach, criminoso é o outro! Como também as políticas de segurança públicas sempre são destinadas a um grupo, o de classe mais baixa, e sempre nela a culpa é do armamento desse sujeito, nunca é da corrupção social e de seu aparelho repressor, nunca a culpa é do cidadão do bem e de seus honoráveis representantes.

Considerado o que foi introduzido em primeira análise, uma pergunta tem que ser feita: Será que o filho de Robinson Cavalcanti é um monstro, cruel, assassino?

Óbvio, que para a maioria das pessoas ele o é! E contra fatos não há argumentos, ele praticou dois homicídios, qualificados, contra seus próprios pais ADOTIVOS, o rapaz está dentro de um grupo  que, de per si, assume a desgraça alheia e o opróbrio da existência. Era ele drogado, outro grupo criminalizável, e se voltou contra um homem de bem, um bispo, um cidadão honrável, que tinha Deus no coração. E, a ademais, nada justifica um homicídio, certo?

Errado! Alguns fatores justificam, sim, um homicídio, a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal; outros fatores  minoram a culpabilidade, retiram dela aquela reprovação inicial, reduzindo, inclusive, a pena, ou seja, não exclui a ilicitude no todo, mas há que se levar em conta, pois o homicida, em questão, não é tão monstro, tão cruel, tão execrável, nesse caso há que considerar os casos em que o agente comete o fato típico impelido por motivo de relevante valor social ou moral, OU SOB DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO, ainda sob INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA.

Robinson Cavalcanti era moralista, para sociedade, em geral, é simples culpar o filho adotivo, afinal, o adotado já é símbolo de todos os males dentro de um lar... E, esquece-se, essa mesma sociedade, que filhos biológicos cometem os mesmos crimes, e por motivos sórdidos, como disputa por herança, parcialidades no lar, dentre outros, quem não se lembra de Suzane Louise Von Richthofen,  que matou os pais com a ajuda do namorado, e não demonstrou nenhum remorso, até hoje, e nem quis se matar no instante seguinte.  Assim, é melhor, então, acusá-lo de drogado ingrato, nunca na mente social a culpa será do cidadão de bem honrado, mesmo o código penal tratando da INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA, mesmo o código penal tratando da VIOLENTA EMOÇÃO.

Robinson Cavalcanti se tornou obsecado pela moral exacerbada, sua ruptura com a Igreja Evangélica Anglicana do Brasil, condenando-a como igreja de permissividade, igreja de imoralidade, porta-nos para um olhar mais cauteloso sobre como Robinson conduziu seu próprio filho ao mundo das drogas. O mesmo desamor que ele apregoou contra os homossexuais, intentando em verdadeira caça as bruxas dentro da IEAB, ele, certamente, reproduziu sob seu filho, sob os erros de seu filho... Nunca vi um moralista tolerar o erro alheio... Quanto mais quando esse erro é fruto de uma genética que não condiz com a genética do adotante...  Fico imaginando o bullying sofrido por esse rapaz; bullying que machuca a alma, que tortura o espírito, que reduz  a moral ao destroço mais vil e cruel, jogando a autoestima no chão, ao pó, conduzindo pessoas à loucura, à insanidade, no sentimento sôfrego do olhar para si mesmo e se encontrar como alguém digno de algo, de alguma coisa.  

A frieza, distância, a reprovação, o nojo, a cobrança humilhante, o favor que é jogado na face conduzem o lar a desarmonia, ao desequilíbrio... O comportamento desviante do filho de Robinson não é exclusivo do desviado, há uma propulsão, um incentivo, um caminho que o conduziu a isso: a OMISSÃO DO AMOR, em favor de uma cobrança severa, de uma moral cristã austera.

O rapaz que matou o seu pai, naquela trágica noite, talvez só fizesse um pedido: por favor, não me julgue com tanto ódio e condenação. Um pedido negado, quem sabe? Fazendo nascer toda retribuição que, no momento da emoção a flor da pele, cumpre o papel que o desamor de anos buscou: a morte! A falta de amor mata! E, ao final, aquele que desejou ardentemente um pouco mais de atenção, de carinho e compreensão, e sempre foi negado, busca, então, sua própria punição: EU MATEI MEUS PAIS, O QUE EU FIZ? EU MEREÇO MORRER! E, nessa doença que a moral severa plantou naquelas vidas, o filho adotivo, que amou, que odiou, que buscou a atenção, agora se pune, querendo ceifar também sua vida indigna, marcada para o resto dos seus dias, pois seu último intento falhou,o destino com ele foi trágico, ele não conseguiu se punir! Eis os frutos da MORAL CRISTÃ!

E a despeito de ensinamento bíblico: “não julgueis para não serdes julgados”, tenho que perguntar: por que a "monstruosidade" do filho pode ser julgada e a do pai moralista, homofóbico, intolerante, não? Por que de uma hora para outra ele pode virar santo e aquele que foi atormentado, conduzido ao opróbrio tem que pagar por todos os erros do mundo?

O que Robinson pregou e disseminou não está em juízo? 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Justiça ordena clube da eliete de SP a aceitar parceiro gay como dependente





Um casal gay ganhou na Justiça uma disputa com o Club Athletico Paulistano, frequentado pela elite da capital paulista.

O juiz determinou que o cirurgião plástico Mario Warde Filho, 40 anos, e a filha dele sejam incluídos como dependentes do médico infectologista Ricardo Tapajós, 46 anos, sócio do clube. Associado da instituição desde criança, Tapajós pediu ao conselho do clube no final de 2009 a inclusão de seu companheiro, Warde, como dependente. A decisão, negativa, saiu em 26 de julho do ano seguinte.

Alegando ser vítima de discriminação, o casal foi então à Justiça e obteve a decisão favorável, publicada no último dia 16.

Através da assessoria de imprensa, o clube limitou-se a informar que vai recorrer e que, só ao final da ação, cumprirá a decisão da Justiça.

No ano passado, o clube informou que o artigo 21 do Estatuto Social entende que, "em absoluta consonância com o que dispõem o artigo 1.723, do Código Civil, e parágrafo terceiro, do artigo 226, da Constituição Federal", é reconhecida como entidade familiar a união estável mantida apenas entre homem e mulher. Para acolher o novo dependente, a maioria dos 220 conselheiros teria que ser favorável a alterar o estatuto, o que não aconteceu.

Na sentença, o juiz usou como base uma interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF). A instância máxima da Justiça já reconhece que a entidade familiar pode ser constituída da união estável entre pessoas do mesmo sexo.

Fonte: Cena G

Devo chorar a morte de RobinsonCavalcanti?


Robinson Cavalcanti é morto, e eu com isso?



É inegável: não dá para ficar neutro frente essa notícia. Ontem, quando abri meus e-mails, lá estava: “Renato, olha o site aqui, mataram Robinson Cavalcanti!”. Estranheza, eu confesso ter sentido e, logo, fui verificar as informações...

Não consegui sentir pena de Robinson Cavalcanti, não consegui me comover com sua morte, nem, tampouco, lamentá-la por um segundo sequer! Embora considere trágicos os fatos, e como humanista, nunca desejo tal destino a quem for, ainda sim, não lamento; não sinto; não me compadeço!

RobinsonCavalcanti, durante sua vida, empenhou-se numa INQUISIÇÃO voraz contra os gays, e a despeito de sua morte, tão violenta, e paradoxal, esse bispo incentivou, com seu discurso raivoso, o preconceito e o extermínio de milhares de gays nordestinos e brasileiros, como um todo.  E, não é sem razão, que o mesmo bispo é lembrado entre aqueles que lamentam sofregamente sua morte, como viúvas eternas de uma tragédia anunciada (afinal quem colhe vento, semeia tempestade, quem prega o ódio e o desamor, colhe violência e guerra) como: “aquela voz firme contra a avalanche do movimento gay hedonista!” (nota do Reverendo Digão, comentando o trágico). Ou ainda, o defensor da ORTODOXIA  da igreja...

 Também, é lembrado, no passado, por seu envolvimento com a Fraternidade Teológica Latino-Americana, com o Congresso de Lausane, em que, rendeu-lhe  à imagem de um homem que lutava pelo social, pelos mais fracos e pobres, um quase São Francisco de Assis... Entretanto, ele morava em uma casa confortável em Olinda, e manteve, por anos, seus filhos, confortavelmente, nos EUA. Interessante, que sempre entre essas histórias de se defender os pobres, algo contra a miséria e a exclusão, as pessoas que saem na defesa dos deserdados da sorte, enriquecem-se enquanto os pobres continuam pobres!

O problema desse religioso é o problema da maioria dos religiosos: sede de poder! E foi por conta dessa sede, que ele foi EXCOMUNGADO DA COMUNHÃO DA IEAB (Igreja Evangélica Anglicana do Brasil), mas ele não poderia confirmar isso e, logo, tacou no colo do movimento LGBT a conta por sua exclusão! À época, entretanto, não foi o que alegou a sentença prolatada do tribunal eclesiástico, que considerou sua culpa por comportamento destrutivo, difamatório e porfioso :

"Tendo em vista os fatos, e que o Tribunal Superior Eclesiástico, por unanimidade de seus membros, reconhece a culpabilidade do Bispo Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, o Bispo Primaz decreta, na forma do Capítulo IV, Cânon 4, Artigo 1º, alínea D, dos Cânones Gerais da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a sua deposição do exercício do ministério ordenado desta Igreja. Em decorrência do que cessam todos os seus vínculos canônicos, sacramentais, pastorais e litúrgicos, bem assim com seus direitos, prerrogativas e deveres do ministério ordenado da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.”.

RobinsonCavalcanti vinha querendo derrubar o bispo primaz da comunhão anglicana do Brasil de suas funções e, assim, assumi-la, por diversas vezes intentou contra o bispo primaz e difamou a IEAB em mídia nacional, quando recebeu a excomunhão, ele (Robinson Cavalcanti) quis se fazer de vítima, dizendo estar a sofrer perseguições por ser contra a causa gay, o que o próprio Bispo da diocese do Rio de Janeiro, Revmo. Filadelfo Oliveira Neto denunciou:

Afirmar que a saída de Robinson Cavalcanti foi por causa da sagração do bispo homossexual, é sem dúvida querer esconder os verdadeiros motivos, basta observar as acusações pelas quais ele foi julgado no tribunal eclesiástico da IEAB e perceber que os motivos foram disciplinares. Embora a imagem de conflito e de perseguição tenha sido amplamente divulgada, não corresponde à realidade. Existem clérigos e leigos de tendência evangélica em toda a Província (entenda-se contra os gays), nem por isso estão sendo perseguidos. Quanto à sagração de bispos gays, em momento algum concordei com o que aconteceu, nem por isso fui discriminado ou sofri qualquer tipo de retaliação na IEAB, afinal, o pensar diferente não é razão para que alguém seja excluído, é possível manter o diálogo mesmo tendo ideias contrárias. Mesmo antes da instalação do processo eclesiástico, ele já vinha expondo a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, basta observar muitos dos textos que eram amplamente divulgados. Neles a IEAB era qualificada com uma igreja apóstata que pregava práticas anti-bíblicas e conseguintemente havia se desviado da fé. Creio que quando um líder da Igreja se insurge contra ela desta maneira, já tornou sua imagem bastante negativa”.

Robinson Cavalcanti era um doente oportunista, homofóbico, intolerante. Da época do julgamento das uniões estáveis homossexuais no STF, esse bispo foi incentivar a UNIÃO DA BANCADA EVANGÉLICA POR UMA AGENDA DE COMBATE GAY NO CONGRESSO NACIONAL, sendo que ele mesmo admitiu esse fato em uma entrevista concedida ao site Exibir Gospel:

Exibir Gospel: O fato de o casamento gay constar na pauta política nacional faz essa tensão se manter?

Dom Robinson - Sim. Por exemplo, em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu aos homossexuais o instituto das uniões estáveis. O bispo primaz da IEAB foi o único líder evangélico que saudou a resolução do STF. Enquanto isso, nós da Diocese do Recife fomos a público lamentar a decisão. Entendemos que houve uma extrapolação do Poder Judiciário, mais um choque entre o Estado e a Nação, que foi agredida nos seus valores e na sua história. No Brasil, o Poder Legislativo é o que menos legisla, o que na prática é feito pelo Poder Executivo, por meio de Medidas Provisórias, e pelo Poder Judiciário, por meio das suas interpretações questionáveis. Eu entendo que houve a legalização da imoralidade.

Quando da decisão do STF, em 05 de maio de 2011, ele declarou: 

“Tivemos representantes da Igreja Católica da CNBB e embora você tenha uma Aliança Evangélica em formação, você não tinha uma voz evangélica no tribunal,” disse ele ao The Christian Post nesta segunda-feira.

Agora, a questão é simples, frente a tudo isso exposto, eu devo questionar: Mataram Saddam Hussein  e o mundo sorriu e se alegrou, mataram Osama Bin Laden e o mundo sorriu, fez festa, alegrou-se, por que eu tenho que chorar, então, a morte de RobinsonCavalcanti? Bispo que afirmou: “os homossexuais são DOENTES! “. 

Já que é pra falar a verdade. Eu não quero ter um filho gay!




Sou mulher, humana! Ser humano e tenho dois filhos (meninos), mas. Eu, dentro em mim, jamais queria que fossem homossexuais! NÃO, eu não quero! Tenho que dizer a verdade! Ah! Mas, não tenho como escolher, como optar e nem orientar, isto está além de meu alcance de mãe, e muito além do direito de escolha deles! Porque não se escolhe ser, apenas se é! Somente isso. Nascem assim, são assim. A mim, resta apenas o amor de mãe; um amor inesgotável o amor feminino de Deus.

Se um de meus filhos fosse (ou for) gay, será que eu amaria mais a um que outro? Não! Mas, ao mesmo tempo, contradigo-me, e penso que talvez sim! Talvez dispensasse maior amor ao filho gay, por sua fragilidade, sensibilidade e pior, pelo preconceito sofrido por ter nascido gay, em um país onde a homofobia impera, onde pastores vão a todas as mídias condena-los (aos gays), onde cinco truculentos mastodontes se sentem no direito de espanca-los  apenas por ele serem gays, por serem diferentes deles, por conta da orientação sexual  e, assim, representarem uma ameaça a espécie humana[sic]. Onde pastores entram em blogs LGBT e ofendem, agridem em "nome de deus". Um Deus que é só amor!

Não! Eu não quero. Clamo ao Senhor, mas, contudo aceito sua vontade! Quero um filho que seja humano. Que respeite seu próximo e não o julgue pela cor da pele, religião, classe social e principalmente pela sua orientação sexual. Quero que meu filho seja o presente de Deus para minha vida! Seja ele homo ou hétero. Apenas irei ama-lo, ama-lo e ama-lo!

 Não nos cabe escolher sobre a sexualidade de nossos filhos, só nos cabe aceitar, porque esta foi a vontade de Deus. Mas eu não queria um filho gay, porque sei que ele sofreria demais nas mãos de pastores, padres, e da maioria da sociedade, que por sua vez, não aceita a homossexualidade como natural. E de fato não é! A homossexualidade é "SUPERNATURAL".

 E é só este o motivo de não querer um filho gay, pois, qual a mãe que amando seu filho iria querer vê-lo sendo agredido, ofendido e, quem sabe, até morto pelo simples fato de ser gay? Basta-nos lembrar a recente e trágica história de Alexandre Ivo (sei que muitos nem se lembrarão, mas a mãe dele com certeza ainda chora a morte de seu filho, que aos 14 anos foi espancado até a morte por ser gay!). Ponho-me a imaginar a dor desta mãe que não teve como proteger seu filho, não teve e nem pode! Mas se pudesse ela estaria lá e morreria tentando defende-lo! NÃO! EU NÃO QUERO TER UM FILHO GAY! Por medo de, tão precocemente ter que enterra-lo, morto por homofóbicos ou ainda pior, que ele mesmo tire sua própria vida por não suportar a dor do preconceito sofrido! Mas eu quero um filho, aliás, já tenho e, como já disse dois. E a mim não importa que sejam ou não gays. Apenas vou ama-los com todo meu coração de mãe. Vou ama-los. Eu os amo!


Um diálogo foi estabelecido com esse texto, na seguinte matéria: 

Por que Claudia Leitte, e não Edmundo? Afinal, que querem os gays?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Por que Claudia Leitte, e não Edmundo? Afinal, que querem os gays?


Como ativista e jornalista LGBT, continuo considerando que a escolha de Claudia Leitte para madrinha da Parada Gay de Salvador é um equívoco. Das três, uma: ou o GGB (Grupo Gay da Bahia) tomou um chá alucinógeno, ou a diretoria é formada por fãs da loira - fãs daquele tipo que "tudo desculpa" em relação a seu ídolo -, ou criou um factoide para causar comoção e tão-somente divulgar a Parada. Torço para que seja a última hipótese.

Em entrevista a Léo Áquilla para o TV Fama, em 2008, para quem não se lembra, Leitte disse que "adora os homossexuais", mas preferia que seu filho "fosse macho". Ato contínuo, foi secundada pelo marido, que declarou que o filho seria "bem-criado". O curioso? Ainda tem gente - gays, inclusive - que não acha que a declaração foi infeliz!


Resta, porém, a pergunta: afinal, o que queriam os gays? Que ela dissesse que preferia ter um filho gay? E, diriam outros, não seria uma "discriminação" contra heterossexuais se ela assim o dissesse?

A resposta é não... Os gays não queriam que ela dissesse que preferia ter um filho homossexual. O que os gays queriam, e ainda querem, é ser amados por seus pais independentemente de sua orientação sexual. O que os gays queriam, e ainda querem, é que sua orientação sexual não seja, por si só, um elemento que cause decepção a seus pais, até o ponto que os pais gostariam que eles fossem de outro jeito, como se ser gay fosse, por si só, um "defeito".

Devo dizer que não me importa se Leitte é ou não homofóbica na sua vida particular, na sua vida profissional, na relação com seu staff ou com seus fãs nos shows, nem mesmo se seu bloco no Carnaval é aquele onde gays mais beijam ou não. Inclusive, considero ser impossível determinar que ela seja homofóbica ou não apenas por uma declaração que, de toda forma, pode ter sido totalmente espontânea e, quem sabe, até impensada.

O que importa, e aí já como profissional da comunicação social, é que sua declaração reforçou, simbolicamente, o machismo e a homofobia que tantos dissabores causam a gays já no seio da família. Somente quem é homossexual, travesti ou transexual sabe o sofrimento e as crises que nos são infligidos, ainda em tenra idade, por pais que "preferiam ter um filho macho" - e pelo medo de que eles descubram que somos homossexuais.


Somente quem é homossexual, travesti ou transexual sabe também que essa preferência quase nunca é tão-somente uma preocupação genuína dos pais ou das mães quanto ao fato de seus filhos sofrerem ou não preconceito por parte de terceiros, argumento que Luiz Mott, por sinal, tem usado para defender a escolha de Claudia Leitte por parte do GGB, mas a manifestação de um valor social inegavelmente de matriz homofóbica que os irmana a outros que veem a homossexualidade com desconforto e/ou algo indesejável... Como, enfim, algo indigno, um elemento passível de causar decepção.

Se Claudia Leitte tivesse respondido, frente à pergunta de Léo Áquilla, que se tivesse um filho gay, isso não importaria: ela o amaria de qualquer jeito, seria um exemplo e um modelo para tantos gays e seus pais, além de mostrar que existem pais e mães esclarecidos que, pelo amor, ultrapassam a barreira cultural imposta pela homofobia e amam seus filhos independentemente do que são - e não pais que amam com um "mas". Era isso, repito, que os gays queriam.

Ao não fazer isso, Claudia se irmanou aos pais do "mas": ama o filho, "mas" gostaria que ele fosse de outro jeito. Ama o filho, "mas" gostaria que ele fosse macho - e, muito provavelmente, não por simples preocupação com o filho, mas pelo conforto que isso traria para a própria Leitte, uma vez que sabemos que, mesmo quando o filho é patentemente feliz com sua homossexualidade, os pais do "mas" ainda preferiam que ele "fosse macho" e se casasse com uma mulher.

Exemplo muito diferente deu o ex-jogador e comentarista Edmundo (http://www.mundomais.com.br/exibemateria2.php?idmateria=2041), que declarou amar incondicionalmente seu filho, independentemente de sua condição sexual, uma mensagem, aí sim, muito mais condizente com o que queremos transmitir a nossos pais, ainda que Claudia Leitte tenha evoluído em suas opiniões, do que, de minha parte, até o momento, não vi qualquer sinal.


Portanto, não se trata, como se vê, de "rancor", como porta-vozes do GGB têm dito sobre nós outros, que discordamos da escolha da loira para madrinha. Trata-se da mensagem que estamos transmitindo à sociedade... Ou vamos fingir não é possível ver um Silas Malafaia fazer uso de todo esse imbróglio, a fim de argumentar que "nem os gays" querem ter filhos gays e usando a declaração de Claudia Leitte como "prova" de que a homossexualidade é algo sempre indesejável, até por parte daqueles que têm inúmeros fãs na comunidade homossexual?
 
Fica, portanto, a pergunta ao GGB... Por que optar pela madrinha do "eu amo, mas", e não pelo padrinho do amor incondicional? Por que optar por alguém que adora os homossexuais, desde que não sejam de sua família ou seus filhos, em vez de alguém que aprendeu a amar incondicionalmente, para além das diferenças sexuais? Por que Claudia Leitte, e não Edmundo?

bispo Robinson Cavalcanti, contrário aos gays, é assassinado





Uma tragédia familiar em Pernambuco. Eduardo Olímpio Cotias Cavalcanti, 29 anos, é acusado de matar seus pais adotivos a facadas na casa onde moravam, na Rua Barão de São Borja, no bairro dos Bultrins, em Olinda, Grande Recife, nesse domingo (26). Depois dos crimes, tomou veneno.


O pai, Edward Robinson de Barros Cavalcanti, 68, faleceu na hora. Ele era bispo diocesano da Igreja Episcopal Anglicana.

Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e com licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Católica de Pernambuco, Robinson Cavalcanti assumiu, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), vários cargos altos - foi coordenador de graduação, de pós-graduação e de mestrado, chefe de Departamento, além de diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE. 

Também atuou nas campanhas presidenciais de Lula, de 1989 e 1994, e também foi candidato a vice-prefeito de Olinda (1996). A mãe, Miriam Nunes Machado Cotias Cavalcanti, 64, chegou a ser socorrida no Hospital Tricentenário, também em Olinda. Ela era professora aposentada.



Os vizinhos informaram que o acusado parecia ter consumido uma grande quantidade de drogas e teria ameaçado matar também as duas irmãs adotivas. Umas delas o teria visto diante de casa amolando a faca peixeira supostamente usada nos assassinatos.
Eduardo Olímpio Cotias Cavalcanti havia chegado há três dias dos Estados Unidos, onde já teria sido preso por tráfico de drogas. Ele está internado sob custódia policial no Hospital da Restauração, na área central do Recife. Além do veneno, ele havia desferido contra si alguns golpes de faca.



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ROBINSON CAVALCANTI ERA CONTRA OS DIREITOS CIVIS HOMOSSEXUAIS
Depois da aprovação da legalização da união civil entre gays no Brasil, o Bispo Edward Robinson de Barros Cavalcanti lamentou que “não houve uma voz evangélica no Tribunal,” denunciando ainda que grande parte das Igrejas Evangélicas não se pronunciam sobre o assunto.

“Tivemos representantes da Igreja Católica da CNBB e embora você tenha uma Aliança Evangélica em formação, você não tinha uma voz evangélica no tribunal,” disse ele ao The Christian Post nesta segunda-feira.
O problema, ele apontou, foi que se no passado, algumas Igrejas consideravam os delitos sexuais mais graves do que os outros, “hoje o homossexualismo quer sair da lista de qualquer pecado.”

Segundo o bispo da Igreja Anglicana do Cone Sul da América, teólogo reconhecido, a grande parte das Igrejas Evangélicas no Brasil, não se pronunciam, “não só sobre o homossexualismo, mas sobre a sexualidade em geral.”

“A Igreja nem no campo legal, nem no campo teológico e nem no campo pastoral, tem feito algo de muita envergadura.”

E enfatizou que “uma crescente quantidade de pastores de Igrejas históricas, até conservadoras, de uma geração mais jovem, começam a não mais condenar o homosexualismo, e a ter uma postura relativista.”
“E tão nefasta quanto a intolerância, é a tolerância,” expressou o bispo.

Segundo ele, “A teologia rerformada diz que a pecaminosidade é o estado geral da queda, que o Calvin chama de depravação total, todas as áreas foram atingidas, não mais e não menos.”

Mas relembrou que “todas as áreas também são atingidas pelo amor, transformador e libertador de Cristo.”
Cavalcanti revelou que tem sido discriminado por pastores até conservadores, como homofóbico, “porque eu continuo a dizer que o homossexualismo é um dos pecados.”

Ele chamou atenção para o fato de que “no momento a sociedade está promovendo uma agenda homossexual e que a Igreja tem que, por um lado, estar consciente do que está acontecento, ter uma atitude amorosa pelo coração de Cristo, mas ao mesmo tempo ser firme em afirmar os valores morais da palavra de Deus, e possibilidade de transformação pelo poder do Espírito Santo.”

Como um pedido para que as Igrejas refletissem, ele escreveu dois livros na década de 70 para falar do assunto da homossexualidade, “Uma Benção Chamada Sexo” e “Libertação e Sexualidade.” Entretanto, ele constatou que a maioria era ausente de maneira geral com relação ao tema e “outras numa linha mais neopentecostal, trabalham numa só dimensão de opressão espiritual – de tirar maus espíritos ou encostos.”

Há poucas pessoas trabalhando unindo o espiritual e o científico, afirmou ele. Ele citou psicólogo cristão Carlos Tadeu Grzybowski, que trabalha com a questão homossexual e é autor do livro “Macho e Fêmea os criou.” Entretanto, o bispo denunciou que os piscólogos que trabalham com isso, tem sido perseguidos e o Conselho Federal de Psicologia do Brasil tem tentado cassar a licença de qualquer psicologo cristão. Além disso, aqueles que tem a possibilidade de atender tem que ajudá-lo [o homossexual] a continuar a ser gay e não ajudá-lo a sair [da homossexualidade].

Em seu artigo recente “Brasil: Justiça Legaliza Imoralidade,” Cavalcanti escreveu com lamentos que “a imoralidade do homosexualismo – nítido desvio de conduta e enfermidade emocional e espiritual (…), recebeu o manto da legalidade, como o objetivo de reforçar a sua legimidade.

“A imoralidade foi legalizada. O pecado foi legalizado.”

“O Brasil está de luto.”

Onde ele afirma também que, “O próximo passo será a criminalização dos heterossexuais que não admitem a normalidade do homossexualismo, o atentado à liberdade de expressão e da liberdade de religião, com a PLC 122, ora no Senado da República.”

Para Cavalcanti a mídia já vinha, há muito tempo, “manipulando a opinião pública, em uma autêntica lavagem cerebral, para quebrar as resistências, e ‘reeducar’ a nação.”

Mas ele acredita que os “cidadãos brasileiros de convicções morais baseadas nos valores da fé revelada e nos valores sempre afirmados por nossa pátria continuarão, com convicção e coragem, a expressar a sua mais veemente condenação a esse momento lamentável, que deslustrou a mais alta corte de justiça do País.”
“Ache o aparelho do Estado o que achar, decida o que decidir, nossas Igrejas continuarão a afirmar que Deus criou uma humanidade de machos e fêmeas, que ordenou que o homem se unisse à mulher, e que condena vigorosamente a sodomia.”

Fonte Radio Jornal e Samuel Júnior

Adoção e o direito da verdade sobre a origem biológica

Lei que deu a filho adotivo direito de conhecer origem biológica melhora adaptação



Especialistas defendem confiança na relação


A nutricionista Ester Gonçalves (nome fictício), de 44 anos, sente-se como se fosse personagem de uma novela, só que na vida real. Ela sempre soube que era adotada, mas ninguém contava a ela a história verdadeira. Nas visitas recebidas em casa, as pessoas trocavam olhares entre si e a mãe adotiva distribuía cotoveladas quando alguém ameaçava tocar no assunto proibido. Para evitar mais constrangimentos, Ester fingia não saber de nada. Desde os 4 anos, porém, descobriu o fio da meada com a chegada do irmão mais novo, também adotado. “Perguntei à mamãe porque a barriga dela não tinha crescido. Ela inventou uma história e disse que havia usado uma cinta durante a gravidez. Era o começo de uma vida de mentiras. Eu me sentia enganada o tempo todo”, afirma.

Se o processo de adoção de Ester tivesse ocorrido nos dias de hoje, ela teria direito a saber, desde criança, que é adotada, não apenas por uma mudança de comportamento em relação à adoção no país, mas também por força de lei. A partir da Lei Nacional da Adoção (12.010/09), o direito a conhecer a origem biológica passou a fazer parte do artigo 48 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Acolhida por um casal de advogados de renome de Belo Horizonte, Ester seria criada dentro dos novos termos da lei, o que evitaria problemas futuros. “Quando chegavam visitas, eu me trancava no quarto. Meu maior trauma era ter de fingir para todo mundo da família que eu não sabia a verdade”, completa.

Trauma

Só descobre que foi adotado quem nunca ficou sabendo a verdade desde criança. Segundo juristas, assistentes sociais e psicólogos, a revelação tardia da adoção é o principal motivo que pode prejudicar o sucesso de um processo de adoção, levando muitas vezes à revolta contra os pais adotivos. Ester não chegou a esse ponto, mas só se casou mais tarde, aos 38 anos, e nunca quis ter filhos. “Quando tinha 20 e poucos anos, eu e meu irmão fomos à casa da mulher de um senador, que havia facilitado a transação. Ele nem abriu a porta. Pela janela do casarão, disse que nem que enfiassem uma faca no seu peito ela iria contar a verdade. Parecia uma cena de novela, que ficou gravada na minha memória”, revela.

Com a lei, o momento de contar a verdade tem se tornado cada vez menos traumático para a criança e também para os pais. Se quiser saber toda a verdade sobre seus pais biológicos, o filho adotivo terá acesso irrestrito aos detalhes do seu processo de adoção. Basta procurar o Juizado da Infância e da Juventude. A revelação da origem biológica poderá ser feita após ele completar 18 anos ou até antes disso. Se for menor de idade, terá de obter a autorização do juiz, que vai designar um psicólogo e um advogado para acompanhar o caso.

Processo aberto

Segundo o juiz Marcos Padula, titular do Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, a requisição da pasta de adoção em nome da criança independe de autorização dos pais. “O jovem vem aqui e pede para ter acesso a seu processo, que será entregue em mãos. Se tiver interesse, ele pode ter acesso aos nomes dos pais biológicos e, na maioria dos casos, ao endereço da mãe e também de algum familiar biológico, além do estudo psicossocial que levou à entrega do filho para adoção”, explica. Para que isso ocorra, porém, o processo terá de ser feito sob a barra dos tribunais.

A revelação tardia para o filho é o maior fator de insucesso no processo da adoção, alerta a psicóloga Lídia Weber, da Universidade Federal do Paraná. Ela mediu práticas parentais de 600 crianças, jovens e adultos brasileiros, adotados ou não. “Ficamos sabendo de histórias mágicas de adoções interraciais, de adoções tardias (de filhos mais velhos), de grupos de irmãos. Todas elas deram certo. Tiveram adaptação mais demorada ou mais rápida, dependendo da família. Já a revelação tardia mostrou ser um sério fator de risco”, compara.

O que diz a lei


A Lei Nacional da Adoção, nº 12.010/2009, incluiu o direito à revelação da origem biológica no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). Artigo 48: “O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 anos”. Parágrafo único: “O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica”.

Revelação tardia é traumática

Adotado aos 13 anos, o escritor e contador de histórias Roberto Carlos Ramos, de 47 anos, parte do princípio de que “não existe verdade que não deva ser falada”. Com a revelação imediata, é possível evitar choques futuros ou a busca desesperada pelos pais biológicos. “Quando se descobre de forma tardia, todos os desesperos da adolescência e a rebeldia passa a ter uma causa. Essa situação poderia ser evitada”, afirma o escritor, que já adotou 14 filhos.

Segundo ele, quando o jovem se sente abraçado como se fizesse parte da família e está bem estruturado, ele nem sente a necessidade de reencontrar os pais biológicos. Ex-menino de rua em Belo Horizonte, Roberto Ramos foi adotado em 1979 pela pesquisadora francesa Margherit Duvas, que o conheceu na antiga Febem. Sua história inspirou o diretor Luiz Villaça no filme O contador de histórias.

“Tudo conversado é resolvido”, afirma o percussionista, Marcelo Adalton, de 36. Desde que se entende por gente ele sabe que é adotado. Ele afirma que, aos 11 anos, foi forçado pela família adotiva a conhecer a mãe biológica. “Foi um baque. Antes de ir já não queria e depois nunca mais procurei. Não quero misturar as coisas. Para mim, é como se nunca tivesse existido a outra família e sinto que esse sentimento é recíproco da parte dos meus pais”, afirma.

Segundo Marcelo, hoje ele até se esquece de contar a história da adoção. O segredo ficou em segundo plano. “Quando conto para alguém, a pessoa geralmente não acredita, pois me pareço muito com as pessoas daqui de casa”, afirma. Solteiro, ele faz companhia para a mãe, a dona de casa Mariza de Sousa Freitas, de 66, no Bairro Nova Vista, em BH. 

Sucesso em acolhida temporária

A recomendação da advogada carioca Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional da Adoção pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), é contar a verdade desde o primeiro contato da família adotiva com a criança ou adolescente. “Desde o momento em que a criança chega em casa, mesmo que não tenha idade para perceber tudo, ela tem de ter noção de que é uma criança escolhida pelos pais. Tem de saber que não veio da barriga da mãe. A base de um relacionamento é a confiança”, lembra.

Nem todos os casais que adotam, porém, estão totalmente preparados para receber uma criança e muito menos para contar a verdade ao filho. “Atendo uma família em que a menina já tem 7 anos e o casal está em pânico para contar a adoção. Geralmente, quem esconde a verdade tem medo de ser rejeitado pela criança, mas ela não faz isso nunca com os pais adotivos, pois está louca para ganhar um lar; os pais é que são inseguros”, afirma Sandra Amaral, coordenadora do grupo de apoio à adoção De Volta para Casa, de Divinópolis. Segundo ela, o casal chegou a simular uma foto da mãe grávida, como forma de sustentar a mentira até chegar a hora de abrir o jogo.

Para Sandra, antes de partir para a adoção, que é irreversível segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os casais deveriam passar pela experiência de se tornar família acolhedora, de forma temporária e por prazo determinado. “É uma forma sutil e delicada de o juiz da infância mostrar ao casal que ele não está pronto para adotar uma criança. Muitos desistiram de adotar ao descobrir que a criança chora à noite e precisa de trocar fralda”, explica.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Homossexual é espancado em Brasília por 4 rapazes

GOSTARIA DE SABER COMO O GOVERNO FEDERAL, DA PRESIDENTE DILMA VANA ROUSSEFF, QUE BARROU O KIT ANTI-HOMOFOBIA VAI EXPLICAR ISSO, NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES!




O autônomo Walison Reis foi roubado eespancado por ser homossexual,Samambaia Sul, em Brasília.

Segundo o jovem, quatro rapazes roubaram vários objetos da casa dele e o agrediram dizendo que naquele bairro não era permitido ser gay. Walison levou sete pontos na cabeça e ficou com vários ferimentos pelo corpo.

Os criminosos foram identificados,prestaram depoimento à polícia e serão indiciados por lesão corporal e dano ao patrimônio, mas vão ficar em liberdade.

Dilma cadê o kit anti-homofobia? O nosso povo está SANGRANDO, PRESIDENTE! 

Fonte: Cena G

MANIFESTO CONTRA A HOMOFOBIA EVANGÉLICA



Por : Rafael Eurol (leitor do Gospel LGBT)



Por que tanta homofobia no contexto evangélico brasileiro?

O principal objetivo deste manifesto é o foco da homofobia dentro do contexto evangélico brasileiro dos últimos anos. Apesar de reconhecer a importância de se falar também na homofobia dentro do contexto da Igreja Católica. Mas, os principais motivos para não entrar nesse assunto, agora, é que a própria essência da teologia católica, a respeito da sexualidade, está estagnada no tempo a “mil anos”! Então, como iniciar um diálogo sensato sobre a homossexualidade com uma teologia que considera o sexo exclusivamente para a reprodução, proíbe a utilização de camisinha aos seus fiéis, não aceita o divórcio e exalta o celibato como ápice da piedade e santidade?

Por outro lado, a teologia protestante ou evangélica, apresenta-se “um pouco” mais aberta à discussão. Nela há possibilidade de questionamento, apesar de pouca. Esse é um dos motivos pelo qual restringi a falar especificamente da teologia e igreja evangélica. Não só por isso, mas principalmente porque me sinto mais a vontade, sendo cristão evangélico, estudioso da Palavra e ter minha formação em teologia em um seminário batista; O tema da homofobia me convocou especialmente por ser gay e conviver com bullying’s e violências homofóbicas diariamente há anos. Além disso, a pesquisa feita na USP, pela Fundação Perseu Abramo e coordenada pelo professor Gustavo Venturi em 2009, mostra que os evangélicos são os religiosos mais homofóbicos no Brasil. Entre os religiosos que têm tendência a comportamentos homofóbicos, os evangélicos lideram o ranking com 31%, contra 24% dos católicos, 15% dos praticantes do candomblé e 10% dos kardecistas.

Diante de tal violência em nome de Deus, resolvi abordar os dois temas ao mesmo tempo: homofobia e a igreja evangélica, ou como prefiro chamar: “homofobia cristã evangélica”, que atinge não só os gays cristãos, mas à sociedade em geral.

Resolvi utilizar esse termo especificamente, porque acho mais apropriado, uma vez que se verifica entre os religiosos, uma particularidade na homofobia. Poderia se dizer que homofobia cristã evangélica nada mais é que a utilização de interpretações literais da Bíblia por grupos fundamentalistas evangélicos para impor o seu estilo de vida religioso a toda sociedade civil brasileira. Ou seja, alguns líderes oportunistas querem impor à sociedade um jugo que nem os próprios cristãos conseguem carregar, como os próprios fariseus e religiosos faziam nos tempos de Jesus, e que Jesus combatia veemente.

Espanto-me sempre com a homofobia no Brasil a cada vez que vejo e revejo reportagens e noticias sobre violências contra homossexuais na mídia, quando ouço muito mais fatos através de amigos, quando fico sabendo que o Brasil é o país que mais mata gays no mundo e principalmente quando eu mesmo sofro “na pele” com o preconceito. Preconceito que nos atos mais sutis de sua manifestação, são por vezes os mais dolorosos: são aqueles que quando pessoas especiais de repente mudam completamente sua relação com você pelo simples fato de tomar conhecimento de sua orientação sexual, o que ocorre principalmente entre os “irmãos” evangélicos.

Como ultimamente tem crescido o avanço do ódio e a luta contra os direitos das pessoas lgbtts, tendo como carro chefe a bancada de religiosos na política e pastores midiáticos vendedores de bugigangas milagrosas, decidi escrever esse artigo, até mesmo como estratégia de desabafo, o que na psicanálise poderia ser chamado de sublimação.

Não são raras as vezes que me deparo meditando e buscando entender: Porque tanta homofobia no meio evangélico? Eu realmente questiono isso, porque quando eu leio os evangelhos, os ensinamentos de Cristo e vejo seu exemplo, esforço-me  para ser um discípulo Seu. E como um discípulo dele, eu procuro sempre  olhar com atenção para os excluídos e  os que sofrem, assim como aprendi com o Mestre através das Escrituras e do meu relacionamento pessoal com ele. A parábola do Bom Samaritano, apresentada por Jesus, é a que mais descortina a situação de desamor que vivemos hoje com a Igreja de Cristo em relação aos gays no Brasil. Como na parábola, os sacerdotes e levitas passam de largo ao ouvir os gritos dos gays quando precisam, e mais do que isso, os acarretam com mais sofrimentos. Então aparece outro em cena, o Bom Samaritano, alguém que não era considerado pelos religiosos como um bom religioso, e ele ajuda o ferido, necessitado e injustiçado, sendo este Samaritano, figura de alguém que ama o seu próximo, ao contrário dos sacerdotes e levitas ocupados com suas próprias mesquinharias.

O discurso evangélico sobre os gays não muda, é sempre a mesma hipocrisia velada: Amamos os gays, MAS não aceitamos a prática do homossexualismo – termo médico referente à doença já abolido pela medicina e usado ainda pelos “fariseus”. Continuam dizendo: “Amamos os gays, assim como também amamos os assassinos, os ladrões, os estupradores, os pedófilos, etc. Desculpe, o dito amor está muito distante de ser verdadeiro, ao comparar com criminosos: é como se fosse um amor de segunda classe: “com um amor amo minha mãe, família, igreja e amigos, com outro amo os assassinos, ladrões, pedófilos e gays”. Enquanto afirmam: “amamos os gays”, pastores midiáticos famosos conclamam multidões para “baixar o porrete em cima dos gays, para esses caras aprender” (Sr Silas Maldafala) em plena rede de TV nacional. Enquanto dizem: “amamos os gays, dizem que tem o direito de xingá-los de bichas, veados, imorais, promíscuos, pedófilos, aliciadores de menores, traficantes e de bater nos gays ou até matar sem receber pena aumentada por discriminação. Tais “evangélicos” dizem que amam, mas usam o ódio contra os homossexuais como pretexto (evangélico vota em evangélico) para eleger candidatos a fim de evitar que um grupo tenha direito de ter seus direitos de cidadão assegurados no seu país.

Diante de tantos motivos para indignar qualquer “pessoa de bem” desse país contra essa “igreja amorosa”, tentei elencar alguns fatores sociais que talvez pudessem explicar por que o Brasil, mesmo sendo considerado o país mais cristão do mundo,  é o país campeão em matar gays e lgbtt no mundo; à frente, inclusive, dos países muçulmanos que têm leis para matar gays e mulheres em praças publicas. Não só isso, mas por que o ódio e a violência na população brasileira contra os gays e lgbtts, não tem diminuído, mesmo com a ascensão econômica dos últimos anos, a qual colocou o Brasil em 6° lugar no ranking dos países mais ricos do mundo?

Primeiro, faz-se necessário lembrar que historicamente o Brasil é um país de tradição católica, desde a sua colonização. Fato que poderia nos indicar uma forte tendência moral e ética religiosa no povo, mas sabemos que não é assim. Pois por mais que o Brasil seja o maior país católico do mundo, a corrupção, a prostituição, a pobreza e outras mazelas sociais ainda estão presentes no país.

Dentro desse contexto, nasce outro fenômeno religioso no país: o surgimento do movimento protestante. Que poderia se dividir em três grupos, em três tempos distintos. Inicialmente vê-se o protestantismo das igrejas históricas com presença maciça de missionários vindos do exterior. Depois o crescimento espantoso dos pentecostais, principalmente nas classes mais baixas, e por último, o surgimento dos neopentecostais nos últimos 30 anos, com as mega-churchs que arrastam as massas através da mídia.

Segundo estimativas do IBGE com a Fundação Getulio Vargas, até 2009 a população evangélica no Brasil era de 20,2 %. Estimativas da SEPAL (Superintendência de Evangelização para a America Latina) afirma um numero maior: um pouco mais de 30%. A estimativa de crescimento da fé evangélica é de 50% para a próxima década. A maioria dessa população é de novos membros advindos do catolicismo, que aderem uma nova religião por promessas melhores que as da religião anterior: ao invés de vida humilde na terra e um gozo na eternidade pregado pelos católicos em suas missas de tom fúnebre, os evangélicos, em seus “shows de fé” inundados pela teologia da prosperidade, pregam a sedutora teologia da prosperidade, com promessas de uma vida de gozo, dinheiro e felicidade na terra, onde a eternidade encontra pouco espaço ou nenhum para ser pregado.

Tendo em vista o crescimento dos evangélicos e ao mesmo tempo do retrocesso nas conquistas para garantia de direitos aos homossexuais, encontro alguns fatores pelo qual considero que favorece a homofobia cristã evangélica de crescer:

O primeiro fator que favorece a homofobia cristã evangélica é que em seus cultos, o principal a ser anunciado não são os valores. O que mais é destacado são as “conquistas”, os “milagres”, as “bênçãos”, os carros e casas novos, as “curas”, e na grande maioria das vezes não se veem ser pregados valores como amor, bondade, tolerância, misericórdia, altruísmo, justiça. Um dos motivos para isso é que para receber as “bênçãos” de Deus, o fiel não precisa atentar para seu comportamento ético, precisa apenas dar seu dízimo sagrado, entregar ofertas com altos financeiros, como por exemplo, o valor do aluguel de sua casa, e comprar livros e CDs de pastores “ungidos” que passam em qualquer operadora de cartão de crédito, inclusive os cartões gospel’s e das “igrejas” com selo Visa e Mastercad.

Além de não se pregar ensinos que valorizam o ser humano, um segundo fator constatado por pesquisas, que poderia explicar a intolerância e violência por parte de evangélicos contra os gays é que os evangélicos fazem parte em sua maioria de outro grupo onde ocorre maior numero de atitudes preconceituosas contra lgbtts: o grupo que apresenta menor índice de escolaridade. Esses foram os resultados encontrados na pesquisa realidade pela Fundação Perseu Abramo, coordenada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Venturi, que intrevistou 2000 pessoas em todo Brasil em mais de 150 cidades. A pesquisa mostrou que quanto mais anos de estudo, menos homofobia, ou seja, enquanto entre os que nunca frequentaram a escola o índice de homofóbicos é 52%, no nível superior é apenas 10%.

É triste constatar que a união de religiões fundamentalistas que interpretam livros sagrados de maneira literal (“ao pé da letra”) junto com uma população com poucos recursos educacionais forma a simbiose perfeita para a proliferação da homofobia e de atrocidades feitas em nome de Deus. É muito comum você entrar em uma igreja evangélica e ouvir um sermão com interpretações distorcidas, baseadas em textos isolados, sem contextualização do texto lido e bom uso da teologia e hermenêutica – ciência de interpretação – além de uso de traduções errôneas de palavras bíblicas dos originais como a NVI e Bíblia na Linguagem de Hoje.
Essa constatação poderia nos levar à hipótese de que os evangélicos estariam apenas reproduzindo as opiniões preconceituosas e o senso comum já circulante em seu próprio meio social. Todavia, não podemos associar que essas mazelas sociais promovem a homofobia. Mas constatamos que essa doença chamada homofobia alimenta-se de pouca educação, e pouco acesso à cultura, da mesma forma que gripes e infecções acometem mais facilmente pessoas fragilizadas por acesso restrito a recursos sanitários, má alimentação e hábitos de higiene negligentes.

O terceiro fator que propaga a homofobia cristã evangélica, e que talvez seja o mais influente: São os pastores midiáticos (oportunistas) e as bancadas religiosas no Senado e no Congresso, os quais oferecem um banquete de acusações como os de “fariseus aos pecadores", cozido no molho do sangue das vítimas lgbtt’s brasileiras. Estes fazem uso das televisões e das rádios de concessão pública, para arrebanhar milhões de fiéis em concentrações religiosas, verdadeiros currais eleitoreiros, recolher ofertas altíssimas, vender milhares de cds, livros, Bíblias com estudos e toda quinquilharia gospel comerciável possível com preços abusivos. Se usar de má fé ao pregar uma teologia da prosperidade que abusa do bolso e da mente das pessoas já não bastasse, tais líderes religiosos se lançam na mídia como heróis e protetores da igreja evangélica brasileira. Intitulam-se bispos, apóstolos, anciãos, pastores presidentes, encarregados de protegerem a igreja das contaminações do mundo e do diabo.

O que na verdade os tais líderes religiosos televisivos fazem não é pregar o evangelho a todos, mas, sim, elegerem seus candidatos "ungidos" e "honestos" na maioria das vezes pop stars Pastores e Cantores e controlar rigorosamente os votos do curral evangélico para fazer politicagem suja com trocas de favores ilícitos e assim restringir o direito da maioria dos cidadãos brasileiros de poderem seguir a orientação sexual que sentirem vontade.

Esses pastores da morte concentram seus esforços para barrar todo e qualquer tipo de projeto de lei que tente assegurar o casamento igualitário para gays, a saúde (campanha contra a AIDS para a população lgbtt) a vida, PLC 122 que pune crimes de violência física e moral por motivação de ódio contra homossexuais –  a qual foi apelidada maldosamente de mordaça gay pelo Sr. Silas Maldafala, barram o ensino à tolerância à diversidade de orientação sexual nas escolas (apelidado de kit gay) além de incentivar publicamente o ódio contra lgbtts ao rotular essa população como imorais e classificá-la ao lado de ladrões, prostitutas, pedófilos, pederastas, zoófilos, traficantes entre outras coisas, quando não conclama o povo a “baixar o porrete em cima dos gays” (Sr. Silas Maldafala).

Dessa forma, tais líderes com super poderes (poderes políticos e religiosos) querem impor uma verdadeira ditadura aos que não professam qualquer identificação com seus pensamentos mesquinhos, desumanos e preconceituosos. Não respeitam a laicidade do Estado e os direitos dos que não são evangélicos. Eles querem que todos sejam heterossexuais, para irem todos para o céu, mesmo que a maioria da população não queira ser evangélica, ou ir para um céu preconceituoso, onde não entra quem não é evangélico; ficam de fora até mesmo alguns evangélicos, se eles forem gays, lésbicas, transexuais ou transgênero.

Esses líderes, que exercem uma liderança marcadamente autoritária, não abrem espaço para o diálogo para os cristãos que não concordam com a teologia da homofobia cristã evangélica, mas impõe seu pensamento com mão de ferro, excluindo qualquer um de sua comunidade ou do paraíso futuro que questione o fator que parece ter sido transformado no fator principal que diferencia quem é evangélico de quem não é: o fato de aceitar ou não que ser gay é abominação e digno de toda rogação de praga, pedra e condenação, tanto nessa vida quanto na futura. Fazendo isso, julgam como se juízes fossem.

Além disso, ao querer proibir a união estável entre pessoas do mesmo sexo e do casamento civil e outras leis que protegem os direitos constitucionais dos LGBT's brasileiros, suas ações anti-democráticas tem objetivo de obrigar LGBT's a viverem na heteronormatividade, tirando assim o livre arbítrio das pessoas, algo que nem o próprio Deus não faz. Essas ações parecem revelar as mesmas intenções da Antiga Santa Inquisição Católica: quem não "engole cegamente toda a verdade cristã católica, é perseguido, morto, e o mais importante: tem seus bens materiais roubados pela Linda Igreja". Essa nova versão da Inquisição, poder-se-ia muito bem ser batizada de "Nova Inquisição Evangélica". Dessa vez, implantada  não por papas medievais, mas pela "moderna" "bancada evangélica", que quer se utilizar dos recursos do Estado para fazer sua evangelização e  transformar o Estado num Instrumento de salvação compulsória, garantindo assim que todos os brasileiros tenham a "salvação" da alma "melhor assegurada" - longe dos  gays.

Esses "pregadores da (DES)Graça" enchem a boca para falar do fim do mundo e de como é a estratégia do demônio para dominar o mundo e a resposta é simples: enchendo a terra de gays, aos quais destruiriam as famílias, por acabar com a reprodução de pessoas. Apesar de ser ridículo, muitos acreditam nessa fábula. Tudo teria sido um plano arquitetado pelo próprio Satanás articulado nas profundezas do inferno para colocar um anti-cristo gay no controle do universo para desafiar a Deus e à Igreja.

Pois bem, apesar de alguns não se importar, muitos gays, lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros sofrem com a violência divulgada e propagada pela “igreja”. Acho que a Igreja tem um lado maravilhoso de trazer coisas boas para essa terra. Mas nem por isso, podemos deixar de denunciar os erros por ela cometidos. Assim como Lutero, Calvino, Zwinglio e outros reformadores trouxeram luz para uma Igreja mergulhada na escuridão há 500 anos. Hoje a Igreja hoje precisa olhar mais uma vez para a cruz e ver o Amor de Deus que foi de se sacrificar em favor do mundo e não em julgar o mundo, condená-lo, e lançá-lo no inferno. Pois para isso, já existem os “fariseus” de plantão e a hora certa disso acontecer de fato pertence a Deus. A Igreja tem uma obrigação ética de abordar o assunto, repensar e agir efetivamente, levando em conta uma sociedade em momento de transformação. Ao invés de cometer o erro de barrar a evolução da sociedade, como fez ao barrar a ciência na Idade Média, deveria ser pioneira e incentivá-la à maior tolerância, amor e bondade como fez a Reforma Protestante ao criar o modelo de escolas e universidades que temos até hoje.

 Diferente do que dizem os pregadores da desgraça, oportunistas de plantão, nenhum gay ou lésbica ou transexual quer obrigar que as pessoas os aceitem como religiosamente correto, mas quer ser aceito pela sociedade (não pela igreja) como um cidadão que tem acesso aos mesmos direitos que qualquer outro: quer viver sem medo de ser morto por ser gay, sem sofrer agressões físicas ou verbais por ser gay, ter acesso à saúde, planos de saúde, acesso aos órgãos da justiça quando forem constituir família, acesso à educação sem sofrer bullying durante toda a formação escolar, enfim, não ter nenhum direito restrito pelo fato de ser gay, assim como ninguém pode ter nenhum direito civil restringido no Brasil pelo fato de ser adepto dessa ou daquela religião, ou mesmo de nenhuma.

Acho que sou realista ao pensar que isso demandará muito tempo para mudar. Mas certamente demandará mais se ficarem todos de braços cruzados.

O povo brasileiro em geral e também o curral religioso, excluídos da política, cultura, educação, saúde e outros direitos, lembra-me muito aquela musica da abertura da novela global Rei do Gado, onde mostravam os lindos pastos verdejantes preenchidos pelos rebanhos bovinos que corriam desesperadamente numa só direção ao som da musica: "ooo vida de gado, povo marcado, povo feliz". Que esse rebanho de Deus, em algum momento perceba que é necessário, acima de tudo respeitar ao próximo – se não conseguem simplesmente amar como Cristo ordenou. E isso implica em cada um cuidar da sua própria salvação e não em obrigar os outros a aceitar as suas opiniões, que muitas vezes caem em agressões verbais e físicas, ao invés de demonstrações de amor e ternura como bem cabe a um cristão. Se querem salvar a alma dos brasileiros, que sejam dando o exemplo de amar e respeitar as pessoas, e não obrigando que elas sejam perfeitas, como elas se julgam ser, com atitudes hipócritas como essas.