domingo, 21 de outubro de 2012

Tenho alergia ao látex. Como vou fazer sexo seguro?


Alergia ao látex: falta algo no sexo seguro?


por João Marinho

Uma coisa que tem me causado preocupação em relação ao sexo seguro - e que me veio à mente por conhecer pessoas que passam pelo problema - é... O que acontece quando a pessoa tem alergia ao látex comumente usado no preservativo masculino?

Sim, todas as propagandas e campanhas relacionadas ao sexo seguro e à prevenção ao HIV/Aids focam esse ponto: use camisinha! Mas, quando a pessoa tem algum grau de intolerância à “borracha”, pouco é dito... Ou nada - e, mesmo existindo também a camisinha feminina, ela nunca é enfatizada nas campanhas, já notaram?

O problema parece pouco sério. Em pesquisas realizadas em sites especializados, os mesmos indicam que a sensibilidade ao látex - que teria se originado do uso indiscriminado do material em hospitais a partir da década de 80, segundo esta reportagem do Via Mulher - ocorre em até 6% da população. É um público que possui algum grau de intolerância ao produto.

Essa intolerância varia desde uma dermatite de contato, com coceira, vermelhidão, inchaço e mesmo formação de feridas até formas mais severas, que podem chegar ao choque anafilático. Então, pensamos... Mas se “só” 6% das pessoas têm um problema assim, para que se preocupar, não é?

A preocupação surge quando convertermos a porcentagem em números inteiros. O Censo 2010 registra que o Brasil tem hoje mais de 190 milhões de habitantes. Se tão somente jogarmos sobre esse número a porcentagem de 6%, temos aí mais de 11 milhões de pessoas para quem o uso da camisinha tradicional simplesmente não é uma opção.

É um número maior do que os habitantes da maior cidade do país, São Paulo, ou, se vocês preferirem, mais que a população inteirinha do Rio Grande do Sul ou do Paraná, ou ainda próximo à soma das populações dos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí. Para mim, ter “três estados” de pessoas que não podem usar o preservativo tradicional é um problemão...

O que fazer nesses casos? O que muitos não sabem é que os preservativos de látex não são a única opção do mercado. Existem, por exemplo, as camisinhas masculinas de poliuretano, que não levam látex e têm uma resistência similar à dos primeiros. O poliuretano é também o material mais usado na camisinha feminina, justamente por ser hipoalérgico, o que faz dela igual candidata para contornar a sensibilidade ao látex.

Os problemas são: (1) encontrar e (2) pagar. Embora a camisinha feminina seja distribuída gratuitamente em alguns centros de referência, ela é bem menos disponível e mais difícil de encontrar. Mesmo em farmácias, vocês já devem ter percebido, ela não é propriamente o item mais comum – e, comprada, é também mais cara.

As camisinhas masculinas de poliuretano têm uma situação pior ainda. Simplesmente, pelo menos até um tempo atrás, não existiam no Brasil! A opção era comprar em sites de importação ou em sex shops, um problemão para quem tem acesso restrito à internet nos rincões do País ou não mora em grandes centros, em regiões onde sex shops são menos comuns e/ou, existindo, menos equipadas. Como item importado, o valor também não é dos mais convidativos. Nas farmácias, atendentes e farmacêuticos até mesmo desconhecem que elas existam.

Atualmente, existe no Brasil a opção da camisinha UNIQUE, que ilustra este texto. Ela é produzida em A10, uma resina de polietileno, está disponível na internet, onde é possível comprar ou saber em qual farmácia encontrar, e é vendida em uma cartela com três unidades, que pode custar de R$ 12 até... R$ 22! Uma facadinha, né? Especialmente para quem tem vida sexual mais ativa. Para quem é passivo, as opções ficam ainda piores, já que oferecer um preservativo masculino que não seja de látex pode causar estranhamento no parceiro e, claro, pelo fator preço.

Há, porém, uma opção mais barata. A famosa marca Blowtex lançou a sua camisinha PREMIUM, que é também "latex free", produzida em poli-isopreno. A embalagem com duas unidades é vendida a pouco mais de R$ 4 neste site.

Alguns conselheiros de centros de referência também têm recomendado para os passivos com alergia a látex a camisinha feminina. Isso mesmo: camisinha feminina para o sexo anal. Soa estranho, mas, no exterior, também há quem faça essa recomendação, como este site, especializado em saúde sexual para homens que fazem sexo com homens.

As pesquisas, porém, ainda não apontaram definitivamente o grau de eficácia do uso anal do preservativo feminino no sexo gay – e, aliás, também no hétero, afinal a mulher pode praticar sexo anal e também ter sensibilidade ao látex, não é? Felizmente, tudo indica que os prognósticos são bons.

Ademais, se nos guiarmos pela lógica de que melhor uma barreira do que nenhuma e, se for possível, melhor gastar mais do que ter inchaços, coceira e feridas (que, por sinal, aumentam o risco de contágio de DSTs), restam essas opções para os alérgicos a látex: usar a camisinha feminina no sexo hétero vaginal ou anal e no sexo gay (anal), importar uma masculina de poliuretano na Web ou na sex shop mais perto de sua casa ou comprar a Unique ou a Blowtex Premium.

Só fica a dúvida do porquê não se avalia se todas as camisinhas poderiam ser feitas de material hipoalérgico por padrão e assim distribuídas nos serviços de saúde... E do porquê que ainda não inventaram uma camisinha anal, uma vez que, verdade seja dita, já passou da hora, não é?

Foto: Reprodução

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Entre Homens: 18/10/2012

Estão todos convidados!

SEGUNDO ENTRE HOMENS é amanhã, às 19h30!

Compareçam!


Islã x Ocidente


Entendendo um pouco sobre o islã - ou o islã paralisa as sociedades?


por João Marinho


É preciso olhar com mais afinco a história. Vejam, até antes do islã, o mundo árabe era essencialmente tribal, com tribos se matando entre si em uma disputa fratricida interminável, calcada na relação por meio da guerra e com assassinato de meninas, muito similar ao que vimos na China em tempos recentes. E estava muito aquém de seus vizinhos europeus e mesmo que algumas civilizações africanas mais antigas, além dos persas. A rigor, praticamente não havia o que pudéssemos chamar de civilização árabe. Pelo menos, não em termos de um crescimento estável, sustentável e florescimento técnico-científico e filosófico.

A chegada do islã possibilitou, pela primeira vez na história árabe, a formação de um Estado. Maomé se tornou um líder religioso, político e militar - e, embora para a época, tenha sufocado oposições, como de resto se fazia política naquele momento histórico -, fundou um Estado, deu o primeiro sentimento de organização política aos árabes e encerrou as guerras fratricidas, inserindo os árabes em um processo civilizatório incontestável, com foco no comércio, sistema jurídico (as escolas jurisprudenciais do islã), um corpo de leis (Shariah) e até mesmo uma sucessão de comando (os califas), ainda que, aqui e ali, houvessem disputas sangrentas de um califado para outro.

A expansão do islã e a assimilação da filosofia greco-romana posterior (a falsafah) levaram o mundo islâmico posteriormente a um florescimento técnico-científico que estava muito adiantado frente à Europa medieval, da astronomia à medicina, da matemática à filosofia. E até a política, em um sistema de votação que lembrava a hoje democracia. Surgiram as universidades e as madrassas.

Foi por mãos árabes - e islâmicas - que os europeus redescobriram a Antiguidade Clássica, o que possibilitou a vinda da Renascença. Então, o islã não "paralisou" essas sociedades. Essas sociedades só existem, em primeiro lugar, por causa do islã - assim como seu florescimento civilizatório prévio. Talvez com a notória exceção dos persas, que já tinham um florescimento civilizatório anterior e apenas se converteram.

O islã encerrou a matança de meninas, aumentou o direito das mulheres - na era medieval e até o início da Idade Moderna ocidental, as islâmicas gozavam de mais direitos que as europeias, inclusive o de divórcio - e acabou influenciando outros impérios que vieram depois e se converteram, como os mongóis.

Esse histórico é que torna mais difícil a penetração da ideia de laicismo no mundo árabe-islâmico. Porque, se a Europa já conhecia o Estado antes do cristianismo (Império Romano, Macedônios, Gregos, etc), no mundo árabe, o Estado só veio a existir por causa do islã. Como convencer o islâmico médio da separação entre religião e Estado, se um surgiu por causa da outra, em primeiro lugar?

Além disso, o Ocidente não foi muito "amiguinho" dos islâmicos. Entre os fins de século 19 e início do século 20, colonizaram a região e introduziram o laicismo e a modernidade europeia - que, então, tinha ultrapassado o islã, graças ao advento do Renascimento, depois o Iluminismo, as grandes navegações, etc. etc. - a fórceps, mediante força bruta, exploração e apoio a ditaduras laicas cruéis que prendiam e matavam os clérigos e procuravam proibir a livre manifestação religiosa e diminuir, também à força, a influência da cultura islâmica e estimular sua ocidentalização.

Acerta quem aposta que tudo isso resultou num caldo em que o fundamentalismo islâmico surgiu como opção política cada vez mais importante, pregando o ódio aos ocidentais e aos ateístas do Oeste (o que não era lá tão gratuito) e estimulando as vertentes radicais do islã como um reforço à identidade cultural diante da ocidentalização forçada. Pode parecer estranho, mas as mulheres usando os véus islâmicos hijab e niqab em 1979, durante a revolução de Khomeini que derrubou o antigo xá no Irã tinha um significado de libertação, de luta contra a opressão - não o contrário.

Ressalte-se, sobretudo, que o fundamentalismo bebeu em fontes de tradição islâmica para ter esse reforço. Historicamente, as revoluções no mundo islâmico são conservadoras, pela própria teologia muçulmana. Diferentemente do cristianismo, que prega, acima de tudo, um paraíso extraterreno e pós-morte, para o islâmico - embora ele também acredite no pós-morte -, os sinais de benesses divinas são sentidos no aqui e agora, na sociedade e na política. É o conceito de ummah, que é a completa comunidade muçulmana mundial.

A rigor, funciona assim: se a ummah vai bem e prospera, é sinal de que Alá está abençoando - e, nesse contexto, começa a haver flexibilização de costumes e certas tolerâncias. Se a ummah vai mal, é sinal de que Alá está descontente e punindo. A solução? Voltar ao "islã real", eliminar as flexibilizações e fazer a vontade de Alá. Resultado: toda revolução no mundo islâmico, diferentemente do mundo ocidental, tende a restaurar o conservadorismo - e não o contrário. E os fundamentalistas souberam usar isso, porque, já faz tempo, sobretudo com a submissão às potências europeias e depois aos EUA, que a ummah não vai muito bem...

Há um problema adicional: é que o fundamentalista é uma faca de dois gumes. Ao reforçar o radicalismo e pregar o ódio, ele, chegado ao poder, estimulou o terrorismo e tende a fechar o mundo islâmico à interação político-social, tecnológica e científica que poderia resultar em uma "ummah" mais moderna e mais ajustada ao século 21. Aí, sim, podemos falar de paralisação. Aí, sim, é o que vemos nas segundas fotos do Afeganistão e do Irã (vejam abaixo a imagem que me estimulou a escrever este artigo).

Como resolver isso? A solução não é fácil. O Ocidente tem sua própria agenda política - não podia ser diferente -, que não raro passa por dominações remodeladas, a ummah continua não indo muito bem, os jovens islâmicos, mais permeáveis às mudanças via redes sociais, internet e afins e também à pobreza e à falta de emprego, querem mais liberdade, o fundamentalismo continua forte e cooptando esse sentimento de insatisfação e o sentimento antiocidente que o Ocidente também estimulou. Existe inegável desrespeito aos direitos humanos via religião (gays, mulheres, etc.)... E aí vira esse caldeirão que estamos vendo, a Primavera Árabe já com cara de Outono e um mundo árabe-islâmico cada vez mais intolerante, mais homofóbico, mais machista e cada vez mais desbotado em relação ao brilhantismo medieval.


Por que decidi votar em Haddad


Haddad, Serra e ONG Ecos



Depois do apoio de Silas "Malacraia", agora Serra se sai com essa? JÁ DEU! Declaro meu voto em Haddad.

por João Marinho

Algumas coisas que precisam ficar claras:

1- Eu já trabalhei na ONG ECOS, na companhia de gente capaz como Sandra Unbehaum e Sylvia Cavasin.
 Conheço o trabalho deles. A Ecos jamais faria um material tão importante como o Kit Escola sem Homofobia para induzir crianças não apenas à homossexualidade, mas a qualquer orientação sexual. Inclusive porque tal "indução" é mesmo impossível.

2- Reconheço que boa parte dessa campanha de desinformação sobre o kit, apelidado de "kit gay" é culpa do próprio Haddad. Já falei aqui, mais de uma vez, da gestão deficitária do assunto quando ele era ministro da Educação. O kit era tratado como segredo, não foi disponibilizado ao movimento LGBT como deveria e aí qualquer coisa que se dizia dele, mesmo as imbecibilidades arrotadas pela bancada evangélica fundamentalista, passava por verdade. A traidora Dilma, mais preocupada em preservar Antonio Palocci do que em combater a homofobia, vetou o kit sob pressão dos fundamentalistas - e até hoje ainda não há informação oficial suficiente sobre o que realmente havia nele e do porquê foi vetado (a versão oficial de Dilma, porque a real, sabemos: a tentativa de manter Palocci - o kit foi dado em moeda de troca para os evangélicos não irem ao pescoço do então ministro): ora o kit estava ok, ora estava em produção, ora estava sendo reavaliado, ora não era definitivo, ora seria refeito, ora Dilma viu o material errado, ora o kit foi vetado por trazer filmes "inadequados". Em suma, no máximo, má-fé. No mínimo, incompetência, por parte, inclusive, da senhora "presidenta" - que, ao menos, deveria ter solicitado assistir ao material correto, se fosse o caso.

3- O fato narrado em "2", no entanto, não autoriza Serra a fazer da homofobia sua plataforma de campanha. Ao se juntar a Malafaia e fazer acusações injustas ao material - que, graças aos céus, foi vazado na internet -, está alçando a homofobia a estrela de campanha, buscando atrair eleitores conservadores pela mobilização do ódio e da desinformação. Por mais que Haddad tenha sido incompetente na gestão do kit, isso é comparativamente muito pior. Uma decepção sem tamanho, já que o histórico de Serra inclui o combate à homofobia (vide a CADS, o kit anti-homofobia distribuído pelo PSDB e mesmo pautas caras aos gays, como a questão dos antirretrovirais para o tratamento de soropositivos).

4- Com Malafaia fazendo eco à campanha homofóbica de Serra, cresce o desejo de ver seu candidato derrotado nas urnas. É triste dizer isso, mas entre o candidato de Edir Macedo (Russomanno, já derrotado), Malafaia (Serra) e Maluf (Haddad), o de Maluf é o menos pior. Esses evangeloucos, ministros do ódio, conseguem justificar até o Maluf!

5- Espero que Haddad, se eleito, faça uma prefeitura tão boa quanto foi a de Marta Suplicy e, mais livre da influência da traidora Dilma (já que não trabalhará para ela diretamente), honre seu comprometimento com a comunidade LGBT e com a democracia, deixando essa incompetência em relação ao kit no passado.


Sobre a ONG e o plágio
De resto, a ONG Ecos não tem nada a explicar, gente.

Eu já trabalhei na ONG. Eles são supercompetentes, trabalham com questão de sexualidade e gênero faz muito tempo, e simplesmente, a biblioteca deles fui eu e meu ex-namorado que organizamos. Enquanto isso, o banco de dados que eles usavam para o gerenciamento interno fui eu que desenvolvi.

Tive, portanto, a chanc
e de acompanhar o trabalho deles bem de perto. A ONG, reafirmo, jamais produziria um material que pudesse ser acusado de "induzir" ninguém a qualquer orientação sexual.

O que acontece é simplesmente uma adequação de conteúdo à necessidade do cliente: no caso, o MEC. E não vamos ser Pollyanas, essa necessidade passou pela adequação à agenda fundamentalista e a tornar "mais soft" a produção para não excitar os brios da bancada religiosa.

Não funcionou, e Dilma, numa tentativa de manter intacto o pescoço de Palocci, deu o kit em moeda de troca aos evangélicos, que, pela boca de Garotinho, haviam ameaçado o ex-ministro. Não funcionou: ficamos sem kit, e ela sem Palocci. A gestão de Haddad em todo o processo foi deficitária, como esclareci acima. Por fim, ele agora admite que vetou "junto com" a "presidenta".

Enquanto isso, o kit era tratado como segredo de Estado, não teve a divulgação que o movimento LGBT havia pedido e qualquer coisa que se dizia sobre ele, inclusive a pataquada evangélica-Bolsonaro, passava por verdade. O MEC só começou a se pronunciar de fato sobre a questão quando o assunto se tornou irresistível e começaram a vazar as produções na internet. Foi, inclusive, aí que soubemos que o kit era destinado aos professores, e não aos alunos, lembram disso? Eu, sim.

Agora, a gestão vergonhosa dessa história por Haddad, reafirmo, não justifica o posicionamento de José Serra, que, cada vez mais unido aos religiosos da estirpe malafaica - malvistos até por outros evangélicos mais esclarecidos - fez do kit, aprovado pela UNESCO e produzido por uma ONG competente, uma estratégia de campanha a promover o ódio homofóbico e atrair o voto conservador pela prática da desinformação. Até mesmo dizer que o kit era destinado aos estudantes e que induzia o (sic) homossexualismo às crianças é errado e mentira, já que a ONG Ecos não plagiou nada. Foi ela mesma que esteve à frente do kit tucano, não sendo possível plagiar alguém a si próprio: confiram nas notícias que têm surgido sobre a questão.

Além disso, não há nada que indique que um mesmo filme não possa ser usado em dois materiais distintos para clientes distintos e com objetivo semelhante, o combate à homofobia. Se "Boneca na Mochila" ajuda nessa questão no kit tucano, por que não ajudaria no kit do Haddad, se o objetivo é o mesmo? Porque mudou o cliente, a mensagem do filme se altera também? Claro que não. Os kits são diferentes, mas houve o reaproveitamento de algum material que atendia a ambas as expectativas.

Por causa disso, apesar de todas as críticas que tenho à gestão Haddad sobre o assunto e mesmo considerando Dil-má traidora (ela não leva mais meu voto nem para síndica de prédio), considero Haddad menos pior que Serra nesse momento para gerir São Paulo. Sem falar do gosto pessoal que eu teria em ver o candidato do "kit gay" e do ódio a ele dedicado por Silas Malafaia ganhar a eleição.

O histórico de Serra, vale dizer, depõe a seu favor. Serra criou a CADS em São Paulo, teve atuação positiva junto à Parada Gay e, no que diz respeito ao tratamento para soropositivos, é irretocável. No entanto, não estamos falando apenas de passado, mas de futuro. Apesar de suas ações no passado, será possível encontrar algum bom sinal em quem abraça o apoio malafaico de tão bom grado e faz uso da homofobia de forma tão descarada para se eleger, em um futuro próximo?

Lembremos que Marta Suplicy, malgrado seu enorme apoio, e histórico, à comunidade LGBT, foi punida nas urnas por tentar uma manobra semelhante. Lembram-se da história do "Kassab é casado?", e como isso pegou mal eu entre nós? Eu, sim - e critiquei abertamente a Marta à época, mesmo sendo seu eleitor confesso. Se Marta foi punida, por que não punir Serra, considerando que seu uso de argumentos homofóbicos é agora muito mais extenso, expresso e declarado que o da ministra da Cultura?

Vale dizer, por sinal, que não é a primeira vez que Serra faz esse imbróglio na eleição. Na eleição presidencial, trouxe à tona o tema do aborto que, no fim, acabou acuando a ele próprio e a Dilma no paredão fundamentalista, para depois descobrirmos que Monica Serra praticou, ela mesma, um aborto? Lembram disso? Eu, sim: não me esqueço das coisas facilmente, embora alguns petistas mais radicais me acusem de ser "inocente".

Agora, vem Serra trazer o kit como estratégia homofóbica de campanha e descobrimos que, no período antes de ele se render às trevas evangélicas, produziu um kit semelhante com auxílio da mesmíssima ONG... A história se repete.

Uma pena que tenhamos chegado a isso. Por algum tempo, namorei Bruno Covas como opção à Prefeitura de São Paulo e até estive presente a uma reunião do Diversidade Tucana com o então pré-candidato. Infelizmente, o PSDB errou ao ressuscitar José Serra, que, desesperado e fazendo coro aos homofóbicos, deve agora pagar o preço por ter, também, nos traído - e renegado seu passado.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

De cinema à Igreja Universal, Cine Odeon é sauna gay em BH


Nas décadas de 1910-20, os cinemas eram muito populares em BH, e somente na zona leste da capital mineira, em um circuito de menos de 2 km, havia 6 deles, e o mais famoso era aquele que, em 1906, fazia a exibição de suas películas no maior teatro da recém-nascida capital mineira, o Teatro Paris. Em 1912, este foi rebatizado de Cine Odeon- importante referência para a vida cinematográfica da cidade, sobre o qual o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu.

Em 1990, o Cine Odeon exibiu um de seus últimos filmes: Ghost- do outro lado da vida, quando deu o lugar de suas instalações ao templo da Igreja Universal do Reino de Deus, espaço que funcionou como franquia do Edir Macedo até o ano de 2009.

Em 2009, o local, que é tombado pelo patrimônio histórico da cidade, começou ser utilizado pelo grupo dos mesmos donos do site de pegação gay Manhunt.com, que são americanos, e transformou o antigo Teatro Paris em uma sauna gay para a classe média de Belo Horizonte, com um diferencial das instalações que são bastante espaçosas.

Hoje, BH volta ter um espaço para o lazer- distante da proposta inicial-, mas que cumpre com satisfação o intuito de dar a metrópole espaços diferenciados e sem o clientelismo da fé que satura o Brasil e forma massas de ignorantes.