domingo, 23 de outubro de 2011

BH: A cidade pecado!

Praças, parques e estacionamentos servem de pontos de encontro de casais infiéis em BHReportagem flagrou encontros na capital que vão além da fidelidade
Jefferson da Fonseca Coutinho - Estado de Minas



Ah, a luxúria. 

A chama do tormento incendeia sombras em Belo Horizonte. Na Praça Rio Branco, Viaduto Santa Tereza, Praça da Estação, Mirante do Mangabeiras, Parque Municipal... Em duas tardes, a reportagem flagrou cenas do amor que vai além da vida a dois e promove encontros clandestinos na cidade. “É mais forte do que eu”, diz, em frente à Rodoviária, o quarentão bem vestido, vindo do Vale do Aço. T.L.G. voltou a se envolver há duas semanas com uma antiga namorada, também casada. 

Tem mais. Motéis da região metropolitana faturam alto sob o sol do meio-dia. Para o negócio, o horário dos amantes é o do almoço. Via satélite, os segredos e as vidas duplas se espalham em banda larga. Abarrotam sites de relacionamentos e áreas de bate-papo, além de motivar mensagens secretas que pululam em celulares e e-mails. Na calada, é a metrópole lúbrica, exposta às mais íntimas tentações da carne.

“Exclusivo para homens e mulheres que desejam conservar seu casamento, mas necessitam encontrar intimidade sexual em outro lugar” anuncia uma “rede de traição” com mais de um milhão de associados nos EUA e que ganha adeptos no Brasil. A cada 30 segundos, desde julho, um brasileiro casado se cadastra. O amor entre os infiéis bomba na grande rede. Assim como faz multiplicar a oferta de serviços de investigações conjugais em outras paradas. 

Wilson Teixeira, o WT, detetive particular, casado, tem histórias de ruborizar as paredes. Seus flagras incluem casos como o de um marido serelepe, fichado em seis traições com mulheres diferentes. Segundo ele, há 16 anos no ramo, mulheres traem mais durante o dia. “Na parte da manhã, quando dizem ir ao médico, e no início da tarde, depois de deixarem os filhos na escola”, diz. Ele revela outra parte de suas descobertas: “Os homens podem trair com qualquer pessoa. A mulher casada se envolve com um conhecido, um colega de trabalho ou ex-namorado, geralmente”. Wilson afirma que a maioria das histórias extraconjugais ocorrem nos motéis, mas revela uma estratégia bastante na moda em Belo Horizonte: o “abatedouro” compartilhado.

É simples: grupo camarada aluga apartamento em sistema de rodízio. Cita investigação recente, envolvendo quatro sujeitos casados que dividiam mensalmente R$ 2 mil para manter o imóvel. A desconfiança de uma das mulheres traídas bastou para a casa cair para o quarteto farrista. A W.T. Investigação tem colaboradores em BH, Brasília, Goiânia e São Paulo. O preço médio é de R$ 65 por hora. Dez dias de espreita custam R$ 4,5 mil. 


Nos motéis...


Há quase dez anos funcionária de rede tradicional de motéis, V.F.P.O. não estranha mais o movimento intenso a partir das 11h30. “Tem gente que tem esse vício, que quer o secreto, o perigo”, diz. Feliz com o segundo casamento, a profissional não julga, mas mantém suas convicções: “Quando temos ao lado uma pessoa que nos completa, não há espaço para outra”. Conta episódio de esposa grávida que, de táxi, seguiu o marido e a amante até o motel. Tentou e não conseguiu entrar. Com isso, ficou horas de plantão na rodovia até dar o flagrante. Casos comuns, aos montes, de homens e mulheres comprometidos em busca de aventuras do outro lado das cercas. V.F.P.O. sabe de vários outros, mas precisa voltar ao trabalho. É hora do rush.

Longe dali, na esquina da Rua Aarão Reis, a mocinha de piercing no umbigo masca chicletes. Um moço jovem, tímido, se aproxima. P.P., 21, desempregado, topa dar entrevista. “Foto? Não. Aí complica…” Por quê? “Fala pra ele”. A mocinha nada diz. P.P. entrega. “É que ela tá enrolando pra terminar com o namorado dela.”

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