sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Transexual e gay casam-se em Cuba, para homenagear aniversário de Fidel



Wendy, uma loura que deixou de ser Alexis, depois de uma cirurgia, e Ignacio, um homossexual assumido e membro da oposição, que contraiu o vírus HIV, vão se casar neste sábado em Havana, no dia do aniversário de 85 anos do líder Fidel Castro, na primeira união desse tipo em Cuba, não isenta de polêmica.

Para o casal, o matrimônio "marcará uma nova etapa em Cuba", sendo também um "presente" a Fidel Castro, que há um ano admitiu responsabilidade na exclusão sofrida pelos homossexuais na década de 1960, quando ficavam reclusos em campos de trabalho. "Não é um ato de provocação. É um reconhecimento, pela primeira vez, em 52 anos de que a revolução admitiu culpa, embora isso não a desobrigue completamente", disse à AFP Ignacio Estrada, de 31 anos, enquanto acompanhava o companheiro na escolha do buquê na floricultura 'Aves del Paraíso', numa concorrida esquina de Havana.

Aos 37 anos, Wendy Iriepa realiza o "sonho de toda a mulher", depois de ter sido submetida com sucesso, em 2007, à cirurgia de mudança de sexo gratuita, uma operação aprovada através do Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex), dirigido pela sobrinha de Fidel, Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro. "Faremos o primeiro casamento entre gays em Cuba. Não quero que isso seja visto como um acontecimento político, embora seja um presente para Fidel e não me preocupa o que o governo pensa", afirma Wendy, ex-promotora de saúde do Cenesex, muito ligada à diretora.Ela conta que Mariela só não quis ser a madrinha do casamento porque o noivo é da oposição.

A incumbência coube, agora, à 'blogueira' da oposição Yoani Sánchez, quem anunciou uma "cobertura minuto a minuto via Twitter".Em Cuba, onde já foram realizadas 16 operações de mudança de sexo, as uniões entre gays não são legalizadas ainda, mas sua aprovação já foi solicitada ao Parlamento.As núpcias de sábado serão possíveis porque Wendy já tem carteira de identidade com seu nome de mulher. "Alexis não existe mais", comenta sorrindo.

Ignacio conta ter ficado sem respirar quando viu Wendy entrar nos escritórios do Cenesex no dia 13 de maio. Dois dias depois a convidava para sair. Na semana seguinte já viviam juntos. Três meses depois: o casamento. Um amor meteórico, e uma "química total" segundo Wendy. "Sempre disse que era gay. Mas com Wendy é totalmente diferente, pela primeira vez na vida me sinto confuso, sem saber direito o que sou. A única coisa que realmente tenho certeza é de estar apaixonado por esta mulher", desabafou ele à AFP.Wendy não vê nenhum problema nisso. "É gay mas também é homem, tem um pênis e me faz feliz. Ele é uma caixinha de surpresas.

Eu também, um dia tive um pênis, que usei numa época em que tive de me prostituir. Agora, se precisar recorrer a brinquedos sexuais para agradá-lo, não vou deixar de fazê-lo", diz, decidida.E assim... tudo está pronto: a cerimônia com o escrivão no 'Palacio de los Matrimonios', o bolo, o brinde e o buquê com fitas coloridas - emblema da comunidade LGBT (Lésbias, Gays, Bissexuais e Transexuais). "Nosso casamento será um canto à liberdade, pelos direitos da comunidade LGBT", completa o noivo ansioso.

Esta semana Wendy fez os últimos ajustes em seu sensual vestido branco e longo. Aponta com orgulho os seios generosos, conseguidos com tratamento hormonal, dizendo que "aqui não houve cirurgia".Para o casamento, estão convidados os opositores - inclusive as Damas de Branco -, diplomatas da Seção de Interesses de Washington em Havana, ativistas da comunidade LGBT, os funcionários do Cenesex, a própria Mariela e até os curiosos. "Em nossa cama nos envolveremos com a bandeira da diversidade; qualquer coisa pode acontecer aí. Somos uma gama de cores", suspira Wendy.

Fonte: Estado Minas- portal Uai

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