segunda-feira, 25 de julho de 2011

Eis o mistério da fé! (2)




Pedi a Cindy para reproduzir um belíssimo texto que ela escreveu, em diálogo com o post aqui: Eis o mistério da fé, mas, quero fazer melhor:

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7 comentários:

  1. Comentei num outro blog, mas vou postar aqui também com algumas adaptações. Massacres como o do Realengo e do da Noruega são motivados por diversos fatores. Frustrações, distúrbios psicológicos e medo associados a um discurso radical. O problema não é a religião, a política, a cultura, o que quer que seja. Radicalismos (não importa qual) atrapalham o desenvolvimento de qualquer sociedade. Timothy McVeigh, o autor dos atentados em Oklahoma (168 mortos e mais de 500 feridos) era agnóstico e chegou a dizer ao autor do livro "American Terrorist" que não acreditava no inferno e que a ciência era a sua religião. O sul-coreano Seung-Hui Cho, que foi responsável pelo atentado em Virginia Tech, era esquerdista radical. Na carta que deixou ele diz que os americanos o obrigaram a “fazer isso” (o atentado) e criticava os "riquinhos", os "enganadores" e a "libertinagem burguesa" (você encontra a carta em inglês em vários sites). Destaco ainda o político holandês (e gay) Pim Fortuyn, que foi assassinado por um ativista ecológico radical. Radicalismo é sempre ruim, não importa se é de esquerda ou direita, religioso ou ateu. Devemos ter repúdio a todo tipo de fanatismo.
    Contudo, acho engraçado que determinados assassinos continuem a fazer discípulos e, pior!, a maioria das pessoas são indiferentes ou ainda admiram tal sujeito. Refiro-me a Che Guevara (que, aliás, era ateu). Tal ser humano foi responsável pela morte de pelo menos 180 pessoas (não sou eu quem diz isso, mas os biógrafos). Matou homens simples do campo por se recusarem pegar em armas e até adolescentes. E, no entanto, é pop em camisas de burguesinhos socialistas.
    Lembro ainda que a hipocrisia cristã não foi (e não é) menor que a hipocrisia islâmica ou a hipocrisia budista ou de qualquer outra religião. Veja, por exemplo, a escravidão no mundo árabe. Segundo o artigo "Slave-owning societies" da Enciclopédia Britânica aproximadamente 18 milhões de negro-africanos atravessaram o Saara e foram vendidos como escravos em mercados no Norte Africano e no Oriente Médio dos séculos 7 ao 19. A esse número devemos somar o 1,5 milhão de europeus (sobretudo eslavos) que foram vendidos como escravos no Império Otomano.
    Budistas (tidos como pacifistas) também pregaram o ódio e a ignorância. O Japão, um país essencialmente budista, foi um império que se impôs a outras nações durante séculos, deixando um sentimento anti-nipônico que ainda é presente em países como Coreia (tanto do Sul quanto do Norte), China, Tailândia, entre outros. Monges budistas japoneses criaram campos de concentração para quem tinha “sangue estrangeiro”; tanto que até hoje os zainichis (japoneses descendentes de estrangeiros, sobretudo chineses e coreanos) são discriminados e muitos não têm direito à cidadania japonesa, mesmo nascidos no Japão.
    Postei esses poucos exemplos (poderíamos discutir muitos outros) pois não devemos culpar um grupo, uma religião ou uma cultura como responsáveis por algo que extrapola essas fronteiras. É reducionista dizer que religião X ou Y são responsáveis por atentados quanto, na realidade, todas têm suas histórias marcadas por feitos, digamos, nada espirituais. Aliás, nunca acreditei na “bondade” humana. Isso é um conceito criado relativamente recente, enquanto a infame condição humana é muito mais antiga.
    Abraços.

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  2. Posso concordar com os múltiplos fatores que causam um distúrbio selvagem no humano, contudo não posso concordar, e sou luterano, que esses fatores sejam tão facilmente dissociados de uma RELIGIÃO ou crença qualquer. Explico:

    No seu próprio texto, nos seus próprios argumentos, muito embora, às vezes, você faça uso de uma suposta falta fé dos interlocutores que conduziram à violência e ao massacre “N” pessoas, no mesmo argumento implícito você mesmo admite, [inconteste, a presença dessa fé, dessa crença. O que é evidenciado, na sua própria fala quando do uso do termo DISCURSO RADICAL.

    Não sei se você sabe, mas, todo o discurso radical é movido por uma crença, por uma fé, por uma “religião”, esperança; o próprio termo fanático, do qual você faz uso, em princípio, diz de uma consideração inspirada pela vontade da divindade, de uma iluminação, de um bem maior para humanidade. Como sinônimo fraco, seria o sujeito que adere cegamente a uma doutrina, a um partido. E tanto faz, pois doutrinas e partidos se movem por um conjunto de crenças. Desta feita, todos eles, independente da fé em Deus ou não, se moviam por um ideal “religioso” ou que acreditavam ser o melhor para o bem do mundo.

    Contudo, o que eu acho engraçado é essa tentativa sôfrega de se defender a fé cristã com uma apologética vazia em si mesma. Primeiro, nesse argumento em que, todos matam, isso não é qualidade exclusiva do cristão, vamos combater os fanatismos, para num segundo momento, irracionalmente, eu diria, afirmar-se que os islâmicos também fazem, como toda a religião faz, então os cristãos não seriam, por assim dizer, tão responsáveis, e até mesmo justificados nisso, ora, faça-me o favor! Só que o que está sendo dito é exatamente isso: OS CRISTÃOS NUNCA FORAM PACÍFICOS, e a religião cristã, por si só, é uma religião bélica.

    E na oportunidade de seu texto, sou obrigado a agradecê-lo, pela confissão tácita ao lembrar dos sistemas escravocratas, onde as igrejas cristãs foram as maiores responsáveis pelas sociedades escravas no mundo, até mesmo, ao começar pelo apostolo Paulo na bíblia, justificando o escravismo. Depois católicos e protestantes na África roubando pessoas, num tráfico negreiro sem precedentes na história da humanidade.

    Novamente, obrigado por lembrar dos grandes impérios, o Otomano, em especial, porque eu sou obrigado a lembrar como a INGLATERRA ANGLICANA fez para conseguir derrubar esse império e tomar o poder, desembocando à PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, desmembrando o mesmo império no período pós-guerra. Qual foi a justificava usada pelos países cristãos para se infiltrarem no império Otomano? Missões! Levar Jesus às nações, e com Jesus à morte, e os horrores da Primeira Guerra COLONIALISTA. E os desdobramentos disso? Com o desmembramento do império Otomano a crise entre Judeus e Palestinos, que viviam, muito bem, sim senhor, antes de Jesus, nas missões, invadir o império Otomano. Quantas pessoas já morreram na palestina por conta disso?

    E Hitler, no seu ideal cristão na Segunda Guerra? Será mesmo que você quer a comparação em quem matou mais? Devemos olhar para as guerras pós-reforma protestante, que dizimaram a Europa em nome de Jesus?

    Dizer que os cristãos não são responsáveis por atentados terroristas, nesse argumento simplista em se dizer que qualquer um é, basta ser fanático, é tampar o sol com a peneira e não admitir que todo fanatismo, ainda que este seja de um ateu, tem em último, por trás de tudo a crença num absoluto incontestável. O que faz as palavras da Drag Cindy verdadeiras: “onde a palavra não convence, a espada vence!”.

    Ninguém é mais belicoso do que um cristão e sua fé, pois ela é om princípio de toda fanatismo absolutista!

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  3. Ao contrário de ti, sou agnóstico e rompi definitivamente com as religiões. Quando percebi que elas não fariam sentido para mim, simplesmente as abandonei. E isso não tem nada relacionado com a minha sexualidade, pois bastaria me afiliar a uma religião “inclusiva” e seguir uma suposta divindade ao meu gosto. Da mesma forma, numa participei de fóruns e encontros de ateístas e agnósticos, uma vez que não faria sentido. Agnóstico (ou ateu) que participa desses encontros na realidade está procurando algo para acreditar.

    No meu texto anterior (e você pode consultar o site da Enciclopédia Britânica para conferir) quis mostrar a você que a escravidão não é “privilégio” de europeus e cristãos. Ela já estava presente no Neolítico e em civilizações antiguíssimas, como a egípcia. E outras religiões que disputavam fiéis à espada com cristãos também a praticavam. Não isento cristãos (ou europeus; ou ambos) da responsabilidade pela escravidão. Mas minha lista é abrangente: muçulmanos, budistas, hindus, judeus e tantos outros também a praticaram. Anos atrás assisti a um documentário produzido por dois professores nigerianos (e exibido pela BBC) em que eles discorriam sobre o enriquecimento de famílias negro-africanas no comércio escravagista com europeus e árabes. Com disse no comentário anterior, os árabes escravizaram nada “menos” que 15 milhões de negro-africanos além de europeus cristãos (a própria palavra “escravo” – “slave” em inglês, vem dessa referência aos povos eslavos).

    Sobre o fato de europeus se infiltrarem no Império Otomano... São diversos fatores. Mas dizer que foram somente (ou principalmente) as missões de cristãos não cabe (soa argumento de aluno de pré-vestibular). Há, como certeza, fatores mais mundanos (como interesses econômicos e políticos) nesse jogo de hipocrisia que é a história humana. Vale destacar que antes do Império Otomano havia, no mesmo península, o Império Bizantino, que era cristão-oriental.

    Afirmar que judeus e palestinos viviam bem antes dos cristãos adentrarem no mundo muçulmano é errôneo. É certo que eles desfrutavam de uma liberdade relativamente maior que seus irmãos de fé na Europa Católica e Protestante. Mas eles eram obrigados a pagar um imposto extra para professar sua religião; caso contrário, deveriam se converter ao islã. A eles era proibido morar e viver na cidade de Jerusalém. E, vez ou outra, o fanatismo islâmico fazia suas vítimas. O maior teólogo judeu, Moisés Maimônides, teve que fugir da Al-Andalus (a península ibérica islâmica) quando a Dinastia Almóada determinou que todos os judeus e cristãos de Córdoba deveriam se converter ao islã (o engraçado é que, séculos depois, os cristãos católicos – no mesmo local – fizeram a mesma coisa com judeus e mouros com a sua “santa” Inquisição).

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  4. continua...

    No que diz respeito a Hitler, já li duas biografias a seu respeito (a de Lothar Machtan – que chegou a afirmar que ele era inclusive gay – e a de John Toland), além de artigos e eles descrevem Adolf Hitler como um cristão não-praticante. Sua neurose era baseada numa ideia de uma pureza racial, nacionalismo e totalitarismo. Mas uma coisa é certa: ele recebeu apoio de cristãos e muçulmanos. Você não leu errado. Já ouviu falar de Amin al-Husayni? Pois esse sujeito era um líder nacionalista árabe-palestino que liderou campanhas violentas contra os judeus e as autoridades britânicas no que era então de governo britânico da Palestina nas décadas de 1920 e 1930. Ele ganhou o apoio de Hitler à causa palestina quando disse ser contra o estado judeu na Palestina. Promoveu o recrutamento de voluntários muçulmanos para a SS. Seus olhos azuis lhe renderam elogios de Hitler, que achava que o nacionalista palestino deveria ser descendente dos legionários romanos. Pois é, a história humana não é uma novela das Oito, com mocinhos e bandidos (talvez mais bandidos...).

    No mais, concordo contigo, só chamo a atenção quando afirma que o cristão (e sua crença) é o princípio de todo fanatismo absolutista. Não seria cômico (para alguém que se define como cristão luterano) mas sua palavra faz coro com os que você acredita estar combatendo, já que os ultradireitistas, fundamentalistas cristãos e islamófobicos também pensam o mesmo dos árabes, dos muçulmanos e dos imigrantes.
    Abraços e boa semana!

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  5. Washington,

    Entendo perfeitamente não ser privilégio dos cristãos, o início da escravidão, entretanto, ENTENDO PERFEITAMENTE, que, ainda no cristianismo incipiente nada foi feito para se combater essa crueldade contra o ser humano, pelo contrário, ela foi ratificada, autorizada, como, até mesmo, uma forma NATURAL da sociedade se estabelecer, quiçá, divina!

    Efésios 6:5 - Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne,, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo;

    Efésios 6:6 - Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus;

    Efésios 6:7 - Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens.

    Efésios 6:8 - Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.

    Só uma correção, o europeu que escraviza na África, e faz o tráfego negreiro, inclusive, incitando a guerra entre as tribos africanas, para que os próprios negros se capturem mutuamente, É O CRISTÃO! Não é o europeu descristianizado, ou NÃO CONVERTIDO, mas é o europeu cristão, do século X ao século XX!

    Inclusive, índios foram na escravidão, também, servidos vivos como ração humana para alimentar os animaizinhos de caça dos portugueses e espanhóis na América Latina, enquanto a Igreja discutia se índio tinha alma ou não! Quem fez? CRISTÃOS, CRISTÃOS E CRISTÃOS!

    A liga Bíblica do Sul (EUA), para justificar o escravismo, foi na Bíblia CRISTÃ dizer que a marca que Caim recebeu de Deus por ter matado Abel como sinal de maldição FOI A COR NEGRA, e, portanto, os negros deveriam sim ser escravizados, pois eram amaldiçoados por Deus! É para arrancar o sabiá do toco, não? Assim, o que digo é: se a escravidão existia antes, eu sei, mas ela se tornou muito pior, quando os cristãos a justificaram pela fé, e em nome dessa fé e desse DEUS subjugaram os povos, em nome de Deus levaram às últimas consequências toda forma de crueldade e bestialidade, e chamaram isso de SANTIDADE! Independente de sua lista conter 10 ou 100 causas, não muda o fato, da mais cruel ser praticada pela religião, pois é a mais feroz! E não foram os árabes que escravizaram 15 milhões, foram os árabes e os Cristãos que os escravizaram!

    Agora pergunto: então, quer dizer que se o árabe, e outros povos escravizaram, não tem problema nenhum os cristãos escravizarem também, né? Ou seja, o fato de outros terem praticado o escravismo e o genocídio, habilita os cristãos a fazer também de forma santa e pura, não é isso que você está dizendo, nas entrelinhas, pelo menos?

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  6. Sobre o império Otomano, penso que você não tenha entendido à crítica, eu vou explicar:

    Quando os portugueses cristãos, no Brasil, através da IGREJA CRISTÃ, tentaram escravizar os índios, e não conseguiram, e, portanto, mataram, dizimaram tribos inteiras pela espada (“no momento em que as palavras não convencem, a espada vence!”), Portugal pediu explicações às ordens que aqui estavam para estabelecer a catequese, e os padres escreviam à coroa dizendo: “aos índios faltam a Fé, a Lei e o Rei!”. Na verdade Fé, Lei e Rei (FLR) são formas de dominação dos impérios absolutistas, e o que eles diziam: “os índios não vão sucumbir!”. Os CRISTÃOS CALVINISTAS, que aqui estiveram, disseram, exatamente, a mesma coisa, e quanto à prática do canibalismo, vivenciada em algumas tribos, os calvinistas escreveram, achando NORMAL, INCLUSIVE: “... por que horrorizar-se com a antropofagia, já que é atividade comum em todo o Novo Mundo, se ela não se distancia muito do tétrico costume da Santa Inquisição de mandar queimar vivos os hereges num auto-de-fé. Cerimonial que largamente é praticado em praça pública na Espanha e em Portugal?”.

    Roma, com César Augusto também dizia de uma Fé, lei e Rei, tanto é, que quando César sobe ao trono como imperador, a primeira coisa que ele faz é se autoproclamar divino, e sua religião passa ser a religião dos romanos.

    A Inglaterra, com a desculpa de dominar o império Otomano levou a eles, primeiramente, a Religião, Jesus, óbvio que os interesses eram políticos, mas a desculpa era a fé! Na verdade, não é meu argumento que soa como de um pré-vestibulando, pelo contrário, é você que não entende muito de antropologia cultural, e, portanto, não acompanhou o raciocínio.

    Seu exemplo foi simplista ao dizer que os judeus não viviam bem com os islâmicos, viviam sim, e exemplos isolados, não se comparam ao massacre, e ao vulcão potencialmente ativo, prestes a eclodir que é a região da palestina na atualidade, e as desavenças, em todo o império Otomano, não só entre judeus e islâmicos, deu-se através da IGREJA CRISTÃ EM MISSÕES, que se infiltrou e começou a pregar o NACIONALISMO EXACERBADO, sucumbindo de dentro, o império Otomano, jogando nacionalidades contra nacionalidades, até a Primeira Grande guerra, e a disputa pelo colonialismo, no início do século XX.

    Bem, independente dos muçulmanos terem apoiado Hitler, Washington, os cristãos perseguiram os judeus primeiro, bem antes, inclusive, do islamismo existir... E Hitler não era católico não praticante, ele era um homem fervoroso, você nunca leu Mein Kampf? Devia, e o papa Pio XII? Apoiando o nazismo nos bastidores... Hitler também era ecumênico, ele era GRANDE ADMIRADOR DE LUTERO, e se inspirou nas passagens, em que o reformador mandou exterminar os judeus da face da terra. Lutero fez isso, Lutero era cristão, fundador do PROTESTANTISMO!

    Concordo com você, os bandidos são bem mais numerosos que os bandidos, e de fato, isso não é novela!

    Agora, não há nada de estranho em minha crítica, sou cristão, mas não sou cego, agora convenhamos, você se dizer agnóstico... Sinto te dizer, não é não! Você é um cristão, fundamentalista, que está tentando justificar desesperadamente sua fé, querendo tampar o sol com a peneira. Afinal, tudo que você argumentou, não retira a religião e fé de todos os atos, e ratifica que, quando essa é cristã, a coisa desce de nível mesmo!

    Boa semana para você também!

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  7. Parece que estamos a chegar a algum acordo. Discordamos em alguns pontos mas isso é saudável. Desde a minha adolescência nos anos 1990 nunca gostei de professores e colegas que posavam de detentores do saber e da verdade e que vinham com respostas prontas. Sempre duvidei de pessoas assim. Procuro o diálogo e o respeito, pois isso é o que nos distingue dos ignorantes e fundamentalistas.

    Farei um pequeno comentário sobre a relação judeus e islâmicos. Já no Alcorão encontraremos passagens que dão margem (ou combustível) à perseguição aos judeus. Nalgumas partes ele prega o respeito aos “Povos do Livro” (judeus e cristãos) mas noutras os ataca de digna a um Paulo de Tarso. Maomé (ou Mohammed) acreditava que os judeus tinham deturpado as Escrituras. Ele os chama de “porcos” e “espias para a difamação”. Na época de Maomé havia uma importante comunidade judaica em Meca mas eles foram obrigados a se converter ou fugir da cidade (até hoje não-muçulmanos – ou os infiéis – não podem pisar em Meca). Leia as suratas 4 (50-52) e 5 (41-42) e tire suas próprias conclusões. (Você encontrará o alcorão traduzido em diversos sites).

    Não sei se você leu o artigo da Enciclopédia Britânica (em inglês) que indiquei mas nele você verá números assustadores. Os 15 milhões de escravos se referem somente aos africanos escravizados por árabes. A ele devemos somar os 18 ou 19 milhões de africanos escravizados por europeus nas Américas. O que dá um número superior a 30 milhões de seres humanos! Alguns demógrafos dizem que no milênio passado a África perdeu cerca de 30% da sua população. E o hipócrita disso tudo é que hoje os mesmos muçulmanos e cristãos enviam missionários e proselitistas para a África a fim de convertê-los ao islamismo ou ao cristianismo. O islamismo é a religião que mais cresce no continente africano. Segundo o site Adherents, hoje, de cada 10 africanos que abandonam suas crenças tradicionais, 7 se convertem ao islamismo (os outros 3 provavelmente serão cristãos).

    Só faço uma correção a você: sou agnóstico, sim! Mas ser agnóstico não me dá o direito de sair pregando por aí o ódio, a mentira (ou meias-verdades) ou a violência contra pessoas ou grupos religiosos. Por isso tenho cuidado ao dizer que o lunático do Anders Breivi fez o atentado pois era cristão de extrema direita. Presenciamos uma situação semelhante 10 anos atrás nos atentados de 11/9, quando muitos diziam por aí que os terroristas que fizeram aquilo eram muçulmanos ou árabes (ou ambos). Há muçulmanos moderados e radicais (o mesmo pode ser aplicado a cristãos, taoístas, judeus...). Embora seja agnóstico, repudio generalizações (sabemos do que elas são capazes e o que elas podem provocar).

    A religião, para mim, não é critério para avaliar e classificar pessoas. Meu melhor amigo é heterossexual e é membro de uma igreja batista. Não é homofóbico, freqüenta minha casa, sabe dos meus namoros (e rolos **rs**) e os conhece. Bem, não sei como ele faz para administrar isso com seu pastor, que penso não ser tão “friendly”... Meu namorado de 3 anos é de religião espírita e às vezes temos nossas desavenças, mas as superamos!

    Agora, nesse mundo onde os profetas da nova ordem mundial anunciam o “choque de civilizações” precisamos superar o passado e focar nossos esforços num futuro melhor. Cristãos, islâmicos, judeus, hindus, budistas, ateus, ocidentais, orientais, nortistas e sulistas... Como se diz: “Todos têm culpa no cartório”. Mesmo quando um lado “ganha”, todos perdem. Está na hora de revisitarmos o passado e aprendermos com os erros de nossos antepassados. Pedir coerência nunca é demais.

    No mais, acredito que expus minha opinião e sou grato a você por publicá-las. Voltarei aqui algumas outras vezes. Digo, sem falsidade, que foi bom dialogar com você.
    Até a próxima!

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