quinta-feira, 16 de junho de 2011

Reforma Protestante III



As figuras dos reis, a formação do Sacro Império Romano- Germânico (II)

Bem, duas coisas importantes:

  • Os reis, que antes eram eleitos no conselho de guerra, agora são hereditários;
  • O Imperador continua ser eleito até o ano de 1806 d.C.

Pepino, o Breve foi legitimado pela Igreja Católica em 754 d.C ao entrar em acordo com o papa Estevão III, apresentando aos reis francos uma doação de Constantino (é um escrito onde o imperador Constantino I -306-337 d.C. - doou ao Papa Silvestre I -314-335 d.C.- terras e prédios dentro e fora da Itália, durante o quarto consulado do monarca -315). E foi ungido, Pepino e sua família como patricius Romanorum ("protetores dos romanos"). Após a legitimação de seu poder, as terras que eram conquistadas, de algumas dinastias, eram doadas para Igreja, dentre elas, terras dos Lombardos que, hoje, na atualidade, constitui o patrimônio de São Pedro (a área onde foi construído o Vaticano).

Com a morte de Pepino, o Breve, e de seu filho mais velho, Carlomano, Carlos Magno tem a oportunidade de ter o poder centrado em suas mãos, onde ele amplia o Reino Franco pelo expansionismo abrangendo as áreas da: França, Holanda, Bélgica, Suíça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália. Este é o Império Carolíngio, e a Igreja Católica, na oportunidade, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.

O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: Os Condados (Conde, do latim comes, comitis, que significa «companheiro», é o, dono de terras denominada condado. Inicialmente era um título militar do Baixo Império Romano, associado à autoridade militar e civil, que, mais tarde, passou aos bárbaros, assim designando seus principais colaboradores e seus representantes.), administrados pelos condes;

Os Ducados (Duque é um título que se refere ao chefe de estado de um ducado. Pode ser também um título nobiliárquico integrado ou não numa casa real. É um título hereditário, mas pode ser também atribuído a uma pessoa, neste caso normalmente a um filho do monarca reinante ou a uma pessoa cujos serviços o monarca queira recompensar. A origem da palavra "duque" vem do Grego biz, douka, e do Latim duce, que significa chefe. Para outros, a origem da palavra está no substantivo latino dux, que significa "o que conduz", usado no Império Romano como comandante militar. A mulher de um duque ou a chefe de um ducado chama-se "duquesa". Os duques recebiam dos reis o tratamento de primos, com todas as dignidades e honrarias inerentes.), administrados pelos duques;

As Marcas (Marquês é um título nobiliárquico da Idade Média. O título, de origem germânica - Markgraf -, possui variantes em diversas culturas europeias. Na hierarquia titular o termo marquês é introduzido com o imperador Carlos Magno. Os territórios do império que coincidiam com a fronteira eram denominados "marcas", e o responsável pela defesa e administração dessas "marcas" era o margrave. Muito depois, ainda no Sacro Império Romano-Germânico, esses territórios fronteiriços começaram a ser cedidos aos principais condes, passando esses então a marqueses, responsáveis pelos marquesados. Tardiamente, o título passou a não mais ser necessariamente relacionado a um território, tornando-se um posto intermediário na hierarquia nobiliárquica, entre duque e conde. É comumente um título hereditário, que, todavia não costuma ter a possibilidade de honras de grandeza. Em Portugal, o título foi criado no século XV, juntamente com o de duque, visconde e barão, quando deixou de usar-se a tradicional denominação de rico-homem. O primeiro marquês português foi D. Afonso, 1.° duque de Bragança. No Brasil, a exemplo doutros títulos em seu sistema nobiliárquico, a titulação não estava ligada a um marquesado, sendo mera honraria não hereditária. Na Inglaterra, o primeiro marquês foi Robert de Vere, 9.° conde de Oxford. Até o House of Lords Act 1999, aprovado durante a gestão de Tony Blair, o título garantia um assento hereditário na câmara dos lordes.), sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici-funcionários que em nome do rei tinham plenos poderes para inspecionar as províncias e controlar seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.

O Beneficium e os Vassalos do Rei

Durante o governo de Carlos Magno, muitas terras do império foram concedidas em beneficium a diversos nobres locais. Esses nobres tornavam-se, então, vassalos do rei, tendo para com ele dever de fidelidade. Por estarem na condição de vassalos diretos do rei, muitos desses nobres se recusavam a obedecer às instruções de autoridade administrativas, como os missi-dominici.

Essa atitude dos nobres foi um importante elemento para a formação da sociedade feudal, com fragmentação do poder nas mãos de diversos nobres senhores de terra, unidos apenas pelos laços de vassalagem.

A Divisão e a Decadência do Império

Ao morrer, em 814, Carlos Magno deixou o poder imperial para seu filho Luís I, o Piedoso, No reinado de Luís I, o Império Carolíngio ainda conseguiu manter sua unidade política, mas após sua morte, em 840, o império foi disputado por seus filhos, numa desgastante guerra civil.

Pelo Tratado de Verdun, assinado em 843, os filhos de Luís I firmaram a paz, estabelecendo a seguinte divisão do Império Franco:

Carlos II, o Calvo, ficou com a parte ocidental, compreendendo a região da Franca atual;

Luís, o Germânico, ficou com a parte oriental, compreendendo a região da Alemanha atual;

Lotário ficou com a parte central, compreendendo regiões que estendiam da Itália até o mar do Norte.

Em cada uma dessas regiões carolíngias foi perdendo o poder, com as sucessivas divisões internas dos reinos. Assim, a ora de unidade política realizada por Carlos Magno não conseguiu sobreviver um século depois de sua morte.

Causas da decadência: crise e invasões

O desmembramento do poder real dos monarcas carolíngios foi acompanhado pela crescente independência e autonomia da nobreza agrária. Houve forte descentralização e fragmentação do poder político, evidenciando a crise interna vivida pelo império.

Depois de um período sem invasões, a Europa cristianizada sofreu uma série de novas invasões, nos século IX e X, em três grandes frentes: leste, norte e sul.

Do leste vieram os húngaros (magiares), que promoveram ataques periódicos, saqueando vilas, mosteiros e propriedades rurais.

Do norte ocorreu à invasão do vikings (escandinavos), que, vindos da Dinamarca pelo mar do Norte, lançaram-se em constantes ataques de pirataria locais do litoral europeu. Em 911, o rei franco Carlos, o Simples, cedeu a um dos chefes vikings, Rollon, o território da Normandia. Em contrapartida, Rollon tornou-se vassalo do rei franco.

Pelo sul chegaram os árabes, de religião muçulmanos, que, dominando a navegação pelo mar, Mediterrâneo, lançaram-se em sucessivos ataques de pilhagem e diversas regiões da Itália (Roma, Campânia e Lácio) e as grandes ilhas (Sicília, Córsega e Sardenha).

O renomado historiador Henri Pirenne defende a tese de que o comércio entre Europa e Oriente continuou ativo, ainda que enfraquecido, mesmo com o fim do Império Romano do Ocidente. Só com o estabelecimento do domínio árabe no mar Mediterrâneo é que houve forte retração no comércio europeu-oriental:

"O fato de a expansão islâmica ter fechado o Mediterrâneo, no século VII, teve como resultado a rapidíssima decadência do comércio. No decorrer do século VIII, os mercadores desapareceram em virtude da interrupção do comércio. A vida urbana, que ainda permanecia, graças a esses mercadores, malogrou ao mesmo tempo.

Manifestou-se, então, um empobrecimento geral. O numerário de ouro, herdado dos romanos, desapareceu, sendo substituído pela moeda de prata dos carolíngios. Essa é uma prova evidente do rompimento com a economia antiga caracteristicamente mediterrânea".

A Formação das Sociedades Feudais

O clima de insegurança e de intranquilidade espalhado pela onde de invasões conduziu os cristãos europeus a construir vilas fortificadas e castelos cercados com grandes estacas.

Todo esse sistema defensivo criado pela iniciativa particular dos nobres de cada região demonstrava a falta de poder dos reis para organizar a defesa da sociedade como um todo. Cada um defendia-se como podia, associando-se a senhores mais poderosos, em busca de proteção. Nesse sentido, as "invasões" assinalaram uma data essencial na formação das sociedades feudais do ocidente e a inexpressividade da figura real no período.


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