quinta-feira, 10 de março de 2011

Por que acumular?

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A vida deve ser marcada por opções firmes e cumulada de segurança verdadeira. Isto supõe constantes revisões no atual modo de pensar e de agir.

A segurança não pode se apoiar apenas em bens de cunho material.
Numa cultura eminentemente capitalista e de consumo, não é fácil o despojamento do que é desnecessário, que favorece um acúmulo desregrado e sem função social. A virtude da partilha é fruto de prática fraterna e cristã.

O desapego conduz a uma sadia liberdade e a atitudes de sabedoria divina. A vida não depende da abundância dos bens materiais. Ela pode até ser sacrificada na sua identidade por opções insensatas e pelo acúmulo desnecessário.

A fortuna da pessoa não está nos bens puramente materiais, mas na qualidade da sua vida, sem ilusão e segura no que lhe dá verdadeira firmeza. Isto vai além de si mesma na abertura para ajudar os totalmente desprovidos.

Há um texto bíblico que diz: “Ainda nesta noite, tua vida te será tirada. E para quem ficará o que acumulaste?” (Lc 12, 20). O importante, na verdade,  é tornar-se rico diante de Deus.

A verdadeira riqueza tem dimensão espiritual, de partilha, de comunhão e de solidariedade. A vida tem uma transitoriedade, mas com possibilidade de transcendência, concretizada no amor eterno.

Desapego das coisas da terra não significa ter uma vida alienada, sem compromisso temporal, mas preocupada com a justiça social. É assumir os valores reais, que causam verdadeira felicidade.

Somos chamados a uma nova maneira de pensar e de agir, especialmente nos libertando da ganância incontrolada. Temos que nos acercar dos bens terrenos, necessários para a vida, mas com sabedoria.

Tudo deve estar a serviço da humanidade. É contra censo ser escravo das riquezas da terra. A economia tem sentido quando colocada a serviço da vida. Do contrário, ela causa exclusão e pobreza.

Somos insensatos ou sábios? Assumimos um humanismo novo, de encontro conosco mesmos, com valores superiores de amor e de amizade? Só assim poderemos passar de condições menos humanas para mais humanas.


Dom Paulo Mendes Peixoto-  CNBB

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