sábado, 30 de outubro de 2010

PROMISCUIDADE: Fui abusado por minha professora

“Fui abusado por minha professora aos 11 anos”

Davi Castro, 28, foi vítima de abuso sexual. Ele relata o caso no livro “Tia Rafaela” e também ao iG

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E depois dizem que os homossexuais são os promíscuos. A história parece ser fantástica, pelo absurdo, estupidez e coragem dos personagens envolvidos. Vale a leitura!

Depoimento a Carina Martins, iG São Paulo

“Quando conheci a Rafaela, eu tinha 11 anos de idade. Era uma criança simples de família simples. Ela, uma mulher de 24 anos casada e mãe de um filho, de família de poder aquisitivo alto. Nos conhecemos na escola, ela a professora e eu o aluno.

Tudo começou com uma amizade. Nos finais da aula, ela me chamava pra acompanhá-la até a academia do marido dela, onde passávamos as tardes. Me levava para passear com ela nos finais das aulas e algumas vezes me convidava para ir na sua casa. Assim, aos poucos, ela me seduzia e ganhava minha confiança.

As brincadeiras dela eram sempre de pegar, a gente fazia cócegas nos joelhos e ganhava quem aguentava mais tempo sem rir. Um dia ela perguntou se eu sabia trocar bala. Eu não sabia. Então ela tirou uma bala da bolsa, colocou na boca e disse que eu tinha que tirar com a minha. Foi nosso primeiro beijo. Um tempo depois ela me levou ao clube. Entrou comigo na sauna e começou a se esfregar em mim. Numa dessas saídas, fomos a uma exposição de cães com o marido e a filha dela. De repente, ela disse que estava passando mal e voltou para casa comigo, deixando eles lá. Sozinhos em casa, ela fez sexo comigo. Eu tinha onze anos.

Nessa época, minha mãe tinha ido morar em Florianópolis com minha irmã, e eu vivia com minha avó paterna em Belo Horizonte, cidade em que também morava meu pai. Minha avó percebeu a aproximação e a malícia dela. Foi à escola tirar satisfação. Rafaela me contou isso e eu resolvi deixar minha avó e ir morar com meu pai. Mas ele estava mudando de bairro e eu teria que mudar de escola. Ela então ofereceu a meu pai a casa para eu ficar até o final do ano, com promessas de qualidade de vida e tudo mais. Ele aceitou e eu fui morar com ela. Meu pai não aceitava a desconfiança da minha avó, nem a situação que estava diante dos olhos dele. Achava que, se isso fosse verdade, era quase um orgulho masculino.

Quando me dei conta, já estava morando em sua casa com a promessa de um futuro melhor, promessas estas que não só me convenceram, como também convenceram meus pais. Já não era mais seu aluno, e sim seu amante dentro de sua própria casa. Quando eu a conheci me senti amparado, parecia ter encontrado uma fada-madrinha. Era gostoso receber seus carinhos, afinal eu era uma criança que havia perdido a atenção da minha família. Ao ir morar na casa da Rafaela tive a sensação de que eu era uma criança com padrões de vida completamente diferentes daqueles que eu estava acostumado a ter.

Minha cabeça ficava confusa quando eu tinha que lidar com a situação dela ter um marido dentro de casa, não conseguia muito conviver com este triângulo amoroso. Desde o início ela me pediu e me ensinou a esconder de todo mundo. Piorou quando eu descobri que iria ser pai, mas que para todos tínhamos que dizer que o pai era o Marcelo, seu marido. Me sentia amado todas as vezes que ela dizia me amar, afinal uma criança não sabe distinguir amor de sacanagem. Ela me dizia que não tinha mais relações com o marido, que jamais me trairia. Um dia eu ouvi os dois, e pela primeira vez na vida senti ciúme. Me bateu um desespero.

Não sei se ela fazia isso também com outros meninos ou com a filha, nunca vi nada. Mas percebi que muitos outros meninos da escola mandavam bilhetinhos para ela, que recebia e ia lá falar com eles. Tinha uma necessidade de mostrar que era amada e desejada, e contava tudo para mim, inclusive que fulano passou a mão na bunda dela. O que eu via era um romance, eu era criança e vivi aquilo como um romance.

E aos 13 anos de idade me tornei pai de seu segundo filho. A imaturidade e a inocência não me deixaram perceber o poder de manipulação que ela tinha sobre mim. Desde que ela suspeitou da gravidez, disse que era meu e que teríamos que registrar como se fosse do marido dela. Fui com ela ao laboratório pegar o exame. Tenho certeza absoluta de que o filho é meu. Criando ele eu tive a certeza disso, e olhando para ele eu me vejo diante de um espelho.

Estava tão confuso que, nessa época, contei tudo para minha irmã. Quando minha família descobriu, todos ficaram muito chocados, pois era difícil acreditar que um ser humano pudesse ser capaz de um ato tão hediondo. Meu pai não conseguia acreditar, porque o orgulho de ter um "filho macho" não o deixava ver a gravidade da situação. Minha mãe, que também estava grávida, quase perdeu o bebê de tão abalada que ficou com toda a história. Ou seja, minha família ficou completamente desestruturada e com uma grande sensação de impotência, já que ela é filha de juiz.

A manipulação foi tão bem feita que mesmo após a denúncia feita pela minha mãe eu ainda permaneci ao lado da Rafaela. Fiquei contra meus pais, mesmo depois de inúmeras tentativas de minha mãe de nos separar. Vivi com a Rafaela oito anos. Em 2002, com 19 anos, oficializamos o casamento em uma igreja e trinta dias depois eu tive uma enorme e incontrolável necessidade de resgatar todo o tempo que me foi roubado da minha adolescência por ela.

Quando olho para o passado, sinto que fui induzido a cometer atos que eu nem mesmo sabia o que significavam. Vi a justiça se omitir por ela ter um pai juiz e nada ser feito de acordo como a lei manda. Perdi meus valores, esqueci meus princípios e nem mesmo sabia quem eu era. Saí desta relação sozinho, querendo me descobrir. Tratei de me resgatar para evitar todas as sequelas, até mesmo aquelas que ainda não haviam aparecido.
De agora para frente quero respeitar minha família acima de tudo, constituir uma relação dentro dos valores e respeito com quem amo e admiro de verdade. Tornar real a convivência com meu filho e ensinar a ele tudo o que aprendi e o que é correto.

Hoje ainda tenho um processo de reconhecimento de paternidade correndo em segredo de Justiça, já que o menino foi registrado pelo marido dela e ela não compareceu a nenhum dos oitos exames de DNA marcados pelo juiz. Então nunca mais vi meu filho depois que nos separamos. Mas tenho uma relação diária com ele, aqui bem dentro do meu peito. Sonho com ele todas as noites e quando acordo sinto-me cada vez mais próximo dele. Hoje com paz no coração sei esperar pelo dia em que este reencontro deixará de ser uma utopia e se tornará realidade."

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