quarta-feira, 23 de julho de 2008

Considerações sobre a homossexualidade e a religiosidade católica

Olá pessoal meu nome é Anderson, tenho 17 anos e gostaria de contar-lhes a minha história.

Por volta dos dos 10 ou 11 anos eu percebi que algo era diferente em mim. Passei a notar que eu sentia algo incomum por outros meninos mas não entendia o que era. Fui crescendo e lá pelos meus 12 anos eu entendi: eu sentia atração por outros meninos. E, pensando em como isso era julgado pelas pessoas, me senti muito mal. Tentei esconder de mim mesmo, me condenando pelos meus pensamentos, achava que o que eu sentia era uma coisa horrível, que me condenava. Sentia que eu pecava tanto por isso que eu seria condenado a não merecer o reino dos céus.

O tempo passava e eu ficava mais angustiado pois cada vez mais eu percebia essa atração pelo mesmo sexo. Foi então que entrei para a igreja católica, a fim de tentar me modificar e me redimir por esse pecado.

Em um momento, próximo à cerimônia de recebimento da Crisma, nós formandos do curso do Crisma tínhamos que nos confessar com o padre, para estarmos no dia seguinte prontos para crismar. Resolvi contar minha situação para o padre. Era a primeira vez que eu falava com alguém, sobre o que sentia.

Contando ao padre, ele então me disse: "Deus tem um plano para cada um de nós. Você deve se aceitar como é, não deve ficar se martirizando. Seja o que você sentir que é. Se você não se aceitar quem vai te aceitar?"

Essa lição, meus amigos, eu aprendi do fundo do meu coração e digo a vocês: aceitem-se do jeito que são, só assim serão felizes. Hoje eu me aceitei - mais ainda, me compreendi, e sou feliz!

Um abraços para todos

Anderson

Fonte: e-jovens.com


Recebi alguns e-mails de católicos, que acessam o conteúdo deste blog, e que se diziam meio chateados pelos ataques ao Papa e a Igreja de uma forma geral. Coloquei, então, esse testemunho de vida pessoal de um jovem que diz ter encontrado forças para caminhar, sendo o que é, dentro da Igreja Católica, por um conselho de um sacerdote, que o acolheu em sua dor, e o recepcionou no amor de Cristo, na construção do Reino de Deus. Isto é fantástico! Conheço muitos padres, e sou amigo de muitos católicos. Sou ecumênico, e digo que é mais fácil isso acontecer dentro do catolicismo, do que dentro de uma igreja evangélica, que não tenha simpatia a causa LGBT.

Portanto, gostaria de fazer algumas distinções. Não ataco a fé católica, nem tenho motivos para isso. Ataco a hipocrisia de alguns líderes católicos, como em um artigo escrito por mim, que tendem a camuflar à realidade das coisas. Líderes, como tantos evangélicos também, que não têm responsabilidades com o social, com a ética e com os valores da construção de um mundo em que a agressividade, por conta da diferença, seja minimizada. Antes, esses mesmos líderes tentam reforçar, ideologicamente, tais diferenças porque lucram financeiramente nelas.

No artigo específico: Quem são os discriminados? Um diálogo inusitado... Cito o Papa e os gastos oriundos de sua visita, bem como argumento sobre à questão do trabalho, como uma forma de demonstrar a capacidade desses líderes que suscitaram os protestos dos gays a Bento XVI, no Brasil, como desrespeito. Que no caso não foi; uma vez que teve dinheiro público envolvido, qualquer cidadão, que paga impostos, poderia se manifestar (como resposta ao artigo do bispo). E falo do trabalho, também como resposta, pois dizem eles, que os gays estão controlando a política no Brasil. Caso isso fosse verdade, duvido que o papa viria com financiamento público nessa visita. Daí falar dos favores e, na verdade, das doações que sustentam a Igreja, diferenciando os gays, que não sobrevivem das mesmas, mas do trabalho.

Então, assim, encaminhando o artigo ao e-mail de alguns bispos da CNBB, quis dizer a eles que: camuflagens, manipulações, maquiagens de fatos, querendo fazer os mais fracos e perseguidos como fortes e perseguidores, invertendo à lógica para, que, eles, os líderes, continuem cometendo atrocidades e desrespeitos em troca do poder, prestigio e dinheiro, não adiantarão. A cidadania e o Direito social e, fundamental, pertencem a todos. E não será o grito desta ou daquela instituição que mudará essa consciência ou a luta por ela.

4 comentários:

  1. Penso que o artigo ficou excelente, e de forma alguma você atacou os católicos, mas, apenas rebateu, com o óbvio, o que todos sabem, mas não jogam na cara.

    Parabéns pelo blog, pela dedicação, pela paciência. E, principalmente, pela construção de valores singulares, na militância e formação de opinião.

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  2. Todo e qualquer tipo de preconceito é criminoso. Parabéns belo blog, e vamos lutar sim para construir um mundo que respeite as diferenças.

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  3. Muito bom os textos, adorei mesmo. O blog aqui é sensacional!

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  4. Também sou católico, mas entendi perefeitamente a razão do artigo, e sou solidário a ele. Concordo, infelizmente, as coisas não deveriam ser assim, e nem acontecerem sob os desmandes de poucos. Mas, caminhando e aceitando as diferenças nós iremos provar a eles que eles estão errados qunato ao preconecito.

    Parabéns pelo blog, é brilhante!

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