segunda-feira, 14 de junho de 2004

Diferentes Imprimindo Diferença


"Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentaste grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora tornando-vos co-participantes com aqueles que por este modo foram tratados. Porque não somente vos compadeceste dos encarcerados, como também aceitaste com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável." (Hebreus 10: 32-34)

A singularidade do Evangelho de Jesus Cristo é percebida na diferença que o sujeito faz em seu ambiente. Jesus nos chama - a todos nós - a fazer esta diferença duas vezes. Nos chama do mundo, a saber: da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (cf. I João 2: 16); nos chama dos bancos das igrejas para corajosamente assumirmos nossa homossexualidade e vivê-la de forma saudável.

A auto-aceitação da homossexualidade é, na maioria das vezes, um período de dor e angústias. A compreensão de nossos desejos nos atinge, geralmente, na fase de pré-adolescência. Silenciamos. Sofremos amores secretos, assombrados por sonhos e tentamos vivenciar uma heterossexualidade imposta. Vivemos clandestinos, escondidos, fugindo da ira da família, dos amigos e, na concepção de muitos, da ira do próprio Deus.

Atendemos ao primeiro chamado de Deus: separados do mundo - Salvação pela Graça em Cristo Jesus, mas temos enorme dificuldade de atender ao segundo chamado, o chamado para sermos corajosos e imprimirmos a diferença na Igreja de Jesus Cristo.

No texto acima, o autor nos lembra que fomos iluminados. Precisamos reconhecer que Deus nos fez homossexuais, e desta forma buscarmos aceitar e assumir nossa orientação sexual com orgulho e perdoarmos o grande sofrimento pessoal arrastado pela vida, por conta de toda a rejeição sofrida. O texto no diz que somos tidos como espetáculo. As pessoas cochicham, apontam para nós nas ruas, falam de nós em suas reuniões, parecendo não haver assunto mais "intrigante" do que a nossa sexualidade. Neste momento, sentimos a dor de toda uma parcela da população mundial (10% minimamente) que, sem distinção de cor ou credo, sofre perseguição, são atormentados física e emocionalmente, insuflados a viverem uma autonegação (encarcerados). Somos, porém, co-participantes na transformação de nossa sociedade a fim de que, no futuro o amor não se restrinja, mas seja como Jesus pregou "amar o outro como a ti mesmo" sem acepção, percebendo que apesar de diferentes, temos Dele o mesmo amor e salvação.

A responsabilidade individual de cada um de nós, homossexuais não pára quando "saímos do armário". Mesmo que venhamos a sofrer sanções econômicas e sociais, precisamos lembrar que a Verdade de Cristo não pode ficar escondida debaixo da cama. Não pode ser um segredo entre mim e Deus, entre Deus e você. O Evangelho da Salvação não pode ser contido, mas precisa ser anunciado para que cumpra seu propósito. Assim também nós, uma vez salvos (duplamente: do mundo e do medo da própria orientação sexual) não podemos nos calar. Jesus disse certa vez aos fariseus : "Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão". (Lucas 19:40).

O texto bíblico inicial nos fala de vencermos o obstáculo que se levanta contra a fé. A fé que está contemplada no amor de Deus. Fé que Ele nos criou a Sua Imagem e Semelhança. Fé que Deus agiu com perfeição quando nos criou homossexuais. Fé que o Senhor é poderoso para nos guiar e guardar, santificando nossas vidas com a Sua presença. Fé que nosso depósito (galardão) nos aguarda depois que corrermos, com perseverança, a corrida que nos está proposta.

Deus nos chama a imprimir uma diferença na vida de um incontável número de pessoas. Ser luz, na escuridão, é uma grande tarefa. Para desempenhá-la, precisamos deixar o Senhor nos limpar, podar e ensinar a cada dia.

Nosso amor esteja com vocês,

Pra. Susan

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