terça-feira, 20 de abril de 2004



Que gay sou eu?


por Elias Vergara

“Aquilo que me incomoda demasiadamente em outra pessoa, é meu”. Esta é uma afirmação clássica na psicanálise.

Cuidado! Quem se ocupa demasiadamente em perseguir, reprimir, a quem quer que seja, está perseguindo e reprimindo a si próprio. Tem algo lá dentro de si que está mal resolvido em relação a aquilo que tanto nos incomoda.

Posso afirmar que em alguma medida todos nós temos um Gay com quem nos relacionamos, e ele está dentro de nós. Ou nós o assumimos, ou nós o rejeitamos, ou nós convivemos numa boa, sem que ele nos transforme. O ser Gay é algo que está dentro de nós e não algo que possamos simplesmente dizimar da face da terra.

Muita gente na historia elegeu as minorias para serem dizimadas: os judeus, os índios, os negros, as mulheres e agora os gays.

Quem fica citando aqui e ali versos bíblicos para justificar suas posições preconceituosas, está com dificuldade de entender aquilo que Jesus tanto insistiu em todo o seu ministério: amar ao próximo, como a si mesmo. Nisto, disse Jesus, resume-se toda a Lei.

Para mim é esta a questão central: não estamos preparados para amar os gays, pois eles ameaçam a nossa masculinidade, ou a nossa femilidade. E se o ser macho ou fêmea está sendo ameaçado, é porque estas categorias nunca foram assim tão cristalinamente definidas. Quando alguém se assume gay, isso perturba a sociedade e seus membros individualmente.

Quando eu puder abrir mão de todo o meu preconceito e abraça um gay como a um ser humano, então eu terei descoberto o verdadeiro amor do qual Jesus tanto falou.



Reflexão



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertolt Brecht



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